Alex Salvaia
Durante a minha graduação em Direito na Unimep, ainda estagiário em um grande escritório de advocacia desta cidade, me deparei com um caso marcante, ocorrido em uma cidade vizinha: um duto de esgoto se rompeu e todos os resíduos ficaram expostos, correndo dia e noite pelo bairro e correndo pelas vias da cidade, e em pouco tempo já tinha tornado o ambiente um local de difícil permanência, por conta do cheiro terrível.
Na época, tivemos que pedir ao juiz uma medida antecipada para produzir provas pois, se de um lado o conserto do duto era de extrema urgência, de outro, após o conserto não seria mais possível produzir a prova para responsabilizar os culpados. Esse exemplo me remete à atual administração do atual prefeito Luciano Almeida nesta cidade; tal qual no exemplo que mencionei, ninguém viu o rompimento, menos ainda, os estragos nas vegetações que estavam próximas dali, a contaminação de lençóis freáticos, rios, enfim, o estrago todo. Mas quando o cheiro chegou às narinas dos habitantes, oras, aí sim, as reclamações começaram a surgir, com exigências rígidas de providências, pois a solução era urgente.
O atual prefeito Luciano Almeida está consertando os dutos da cidade, e me refiro aos “dutos administrativos” desta cidade, mas ninguém está conseguindo ver, a não ser que esteja perto. O cheiro chegou às narinas da população por muitas vezes, de 2005 até o final de 2020 e, tão logo o povo sentia o mal cheiro, logo se distraía com alguns espetáculos barulhentos. Pontes, praças, matos aparados, uma beleza nossa cidade. Os dutos administrativos estavam rompidos, o mal cheiro corria, mas logo se distraía. Afinal, ao invés de limpar os dutos, soltava-se um perfume forte no ar, e verdade seja dita: que propaganda! Obra número um milhão etc., e lá se contabilizava mais uma calçada pavimentada. Pequena? Sim, mas e daí? Era o bom cheiro que minimizava o mal cheiro dos dutos rompidos, que se rompiam embaixo dos pés da população, mas não visíveis a olho nu; pra enxergar, tem que chegar mais perto!
Advogado, professor universitário e militante político desde os tempos do movimento estudantil na Unimep, iniciei minha carreira na advocacia em 2008 e me afastei da política partidária, muito embora nunca tenha deixado de amar o assunto. Minha mãe conta, e eu tenho vaga lembrança, que eu adorava assistir horário político com cinco ou seis anos de idade, e eu prestava a atenção e ria. Todos achavam estranho; e não é que eu continuei gostando? Como eleitor, me lembro de todos os meus votos desde 1998, quando tirei meu título de eleitor; todos. Presidente, Governador, Vereador, me lembro de pronto de cada voto, e o motivo pelo qual votei.
Aqui em Piracicaba não foi diferente, e votei em Luciano Almeida em 2016, e também em 2020. Grata surpresa ao vê-lo eleito, especialmente no segundo turno, em maio de 2021 tive o prazer de receber o convite para compor a equipe de assessores do governo, para auxiliar em um assunto delicado em nossa cidade: a coleta de lixo e outros contratos correlatos. De perto, agora, não sinto mais a mistura do cheiro do perfume barato que disfarça o mau cheiro do duto rompido.
Consigo ver de perto a dificuldade que é assumir uma cidade e tentar limpar em tão pouco tempo (quatro anos), os rompimentos e rachaduras que em breve, estariam por romper – se é que ainda não virão a romper. Trabalho árduo, mas oculto. Sim, ao invés dos holofotes sobre as distrações visando a reeleição e perpetuação no poder, hoje, o que se vê são contratos públicos, finalmente, com publicidade. Você simplesmente acessa o site da prefeitura e toma ciência dos contratos. Não é demais? É sim, mas não tem valor! Ah, e se falando em valor, na administração pública muita coisa tem preço, e talvez o prefeito não esteja disposto a negociar. A intenção certamente seja a de fazer o certo, ainda que ninguém consiga ver.
Do outro lado, o que se tem são atores que ofereceram cachê alto para participar do jogo e são convidados a sair de cena. Isso revolta os atores, já tão acostumados com o mesmo palco, por décadas. Mas eles não aparecem em público; se utilizavam de iniciantes, funcionários públicos que usam de seus cargos para se perfazer, aliados a um órgão de mídia tendencioso.
Ontem, participei da live do Prefeito que está sendo covardemente, desonestamente, deturpada pelo gabinete do ódio piracicabano, orquestrado por – sabemos bem quem – dizendo que teria sido sugerido tomar mel com limão para evitar ir ao pronto atendimento. Não é verdade.
O prefeito, de forma coerente, seguindo orientações de órgãos sanitários e com orientações de corpo médico, tendo em vista que os sintomas da Covid, variantes de gripes que surgiram nesse momento e outras doenças respiratórias são parecidos, antes de constatar os sinais claros que demandem a ida ao pronto atendimento para realização dos testes da Covid (em locais expostos à contaminação, diga-se), tomem as devidas precauções, inclusive, com receitas caseiras. Lembrando que um renomado médico a quem sigo nas redes, Pós Doc, Lair Ribeiro, recomenda veementemente as receitas naturais em lugar dos medicamentos, sempre que possível.
Enfim, adoraria achar que ele não foi claro em suas colocações, mas, infelizmente, não é o caso. Estamos diante de mau caratismo, de pessoas que ainda resistem em entender que a dinastia ruiu, que as fontes secaram, e que já está na hora de enviar os currículos, e retomar a vida.
Ao prefeito Luciano, meus parabéns. Só quem está perto do duto, sabe o mau cheiro que vinha, e faço votos sinceros de que quatro anos sejam suficientes para que ao menos os reparos sejam feitos, entregando a administração com consciência tranquila, afinal, em uma democracia, a voz do povo, é a voz de Deus.
_____
Alex Salvaia, advogado, titular da Sedema (Secretaria de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba)