José Osmir Bertazzoni
Trilhões de dólares são gastos em armas todos os anos, em todo o mundo, silenciamos diante da necessidade de investimentos em recursos para combater as mudanças climáticas e dar condições de vida dignas a essa parcela da população mundial que ainda hoje vive em situação de pobreza e está exposta às doenças endêmicas e epidêmicas que comprometem a possibilidade de vida digna e de sobreviver desde a infância.
Para que possamos ter uma ideia mais clara desse contraste inaceitável, vale citar os números do Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (Sipri), que elabora anualmente o relatório sobre o comércio internacional de segurança e sistemas armas (considerem que não estamos falando em pistolas, revolveres, escopetas ou armas de defesa pessoal): para evitar o colapso climático entre agora e 2050, seriam necessários 44 trilhões de dólares em investimentos, muito menos que os gastos estimados com armas, novamente em 2050, que é de 58 trilhões de dólares.
Estes recursos seriam suficientes e necessários para abrandar o clima e garantir nossa vida no planeta, mas muito mais é gasto para nos destruir e destruir o mundo.
O dinheiro imediato com o comércio da morte é uma psicopatia que envolve os governos armamentistas e expõe o planeta à destruição total.
Podemos ponderar que, a partir destes dados, os mais de cinquenta prêmios Nobel de reconhecimento a cientistas — incluindo Carlo Rovelli, Matteo Smerlak, Carlo Rubbia, Giorgio Parisi, Roger Penrose e Steven Chu — lançaram a campanha pelo “Dividendo da Paz”.
Dados recentes sobre as despesas militares dos países indicam que, desde 1985, tem-se conseguido um considerável dividendo pela paz. A questão é saber como os líderes mundiais em seus países alocaram estes recursos?
O pedido feito a governos de todo o mundo, no que os promotores chamaram de “proposta simples para a humanidade”, é claro, claro e direto: reduzir os gastos militares em 2% ao ano durante cinco anos, com o objetivo de criar um “dividendo” de um trilhão de dólares até 2030 a ser usado para criar um fundo de luta contra pandemias, mudanças climáticas e pobreza. “A história mostra que é possível assinar acordos para limitar a proliferação de armas: graças aos tratados de Salt and Start, os Estados Unidos e a União Soviética reduziram seus arsenais nucleares em 90 por cento da década de 1980 até hoje”.
Portanto é possível recriar um mundo onde as pessoas se completem com dividendos reais de sobrevivência digna, existem alternativas e homens dispostos a preservar nosso planeta. Cabe a cada um de nós nos atentarmos aos fatos ilusionários que submetem o homem a acreditar que seu poderio bélico é maior que sua capacidade de superar desavenças e dissabores.
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José Osmir Bertazzoni, jornalista, advogado