Alvaro Vargas
Para compreender a importância do nascimento de Jesus vale recordar que durante o seu messianato, na Palestina, ele profetizou a sua volta (Mateus 16:27). Sabemos que ele é governador espiritual da Terra,portanto, de fato, nunca se afastou de nós. Essaprofecia, portanto, deve ser compreendida como sendo sobre a sua presença de forma mais ostensiva junto a crosta planetária. Além da sua encarnação na Palestina, Jesus comunicou-se diretamente por médiuns,durante a codificação do espiritismo, apresentando-se como o Espírito da Verdade (Missionários da Luz, cap. 9, André Luiz e Chico Xavier; Hermínio C. Miranda, As mil faces da realidade espiritual). O que pode intrigar os estudiososé que se Jesus trouxe a revelação do verdadeiro cristianismo, o Consolador (João, 15: 15-17 e 26), sem necessitar de um corpo físico, assim, por qual motivo encarnou na Terra há 2000 anos?
O espírito Emmanuel (A Caminho da Luz, cap. 1, Chico Xavier) revela que “Jesus e outros espíritos de sua comunidade de seres angelicais e perfeitos, já se reuniram nas proximidades da Terra para a solução de problemas decisivos da organização e direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos. A primeira, durante a formação de nosso planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção”. Portanto, a encarnação do Mestre nazareno foi extremamente complexa e tão importante quanto a construção do orbe terreno. Jesus, além de ser o nosso guia, voluntariou-se para encarnar e servir de modelo a ser seguido pela humanidade. Respeitando a ordem natural das coisas, nasceu conforme oprocesso biológico comum a todos nós, de acordo com o apóstolo Paulo (Gálatas, 4:4). O fato que pode ser considerado como extraordinário dessa encarnação foi o seu sacrifício, adaptando o seu corpo espiritual às necessidades reencarnatórias de um mundo de provas e expiações.
O motivo para Jesus encarnar na Terra é que, embora os seus enviados fossem exemplos de conduta moral, apenas ele, espírito puro e em perfeita sintonia com Deus, conseguiria implementar a sua Boa-nova. Quando Allan Kardec questionou os mensageiros divinos sobre qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo, a resposta foi Jesus (Livro dos Espíritos, Q-625). Personagens como os apóstolos Paulo e Pedro, a colaboradora como Maria de Magdala, entre outros, foram exemplos de dedicação à causa cristã. Mas todos tinham as suas limitações. Paulo antes de se converter ao cristianismo foi rabino no Grande Templo em Jerusalém, tendo sido responsável pela lapidação de Estevão e perseguição aos cristãos.Pedro, conviveu com o altíssimo durante três anos, mas o negou três vezes (Lucas 22:54-71). Maria de Magdala, embora represente o maior exemplo de transformação moral da cristandade, teve uma vida dissoluta antes de seguir Jesus. O Mestre, através de seu exemplo de vida e com autoridade moral a ele conferida por Deus, nos legou a única opção possível para ser feliz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João, 14:6).Jesus encarnou na Terra apenas uma vez, suficiente para ser o modelo a ser seguido. Ao vivenciar as mesmas adversidades dos homens comuns, demonstrou pelo exemplo ser possível “amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos” (Mateus, 22:37-39). Embora para nós essa virtude esteja distante de nossa realidade, somos espíritos imortais e temos a eternidade para evoluir, e aprender a amar. Para isso, lembremo-nos de que Jesus tevecom asimplicidade da manjedoura o ponto inicial da sua lição salvadora e, mesmo nos momentos cruciais que antecederam a sua prisão, lavou os pés de seus discípulos, ensinando que a humildade representa a chave de todas as virtudes que almejamos alcançar.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, PhD, presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita