Virtual (III) Percepção de Proteção

O comportamento humano sofre mudanças significativas no mundo virtual. A sensação de proteção que uma conexão e um terminal proporcionam é perigosa. Muitas pessoas que jamais contariam intimidades a alguém de seu meio social facilmente o fazem no virtual a um estranho. As pessoas se abrem ao outro na convicção de que não o encontrará pessoalmente, por não ser de seu meio social.

Nos anos que tenho observado esse fenômeno, até histórico de violência sexual já me foi relatado sem muito tempo de conversa e com muita naturalidade. De pequenas brigas de namoro à violência sexual sofrida na infância são comuns de serem confessados quando se ganha a confiança. É nesse ponto que creio residir o perigo. Nem sempre a pessoa do outro lado é confiável como parece. A dissimulação é fácil virtualmente.

Duas edições passadas escrevi sobre uma mulher de 40 anos que por mais de cinco anos enganou muita gente (inclusive eu), se passando por uma jovem de 25. Seu comportamento era impecavelmente educado, sempre cortês e inspirando confiança em todos. Com certeza obteve informações pessoais de várias pessoas.

Não é das melhores coisas ter nossa vida aberta a um estranho, menos ainda quando revela uma personalidade duvidosa. E como saber até onde confiar em quem, se nem mesmo no mundo real, com mais recursos para avaliação, acertamos em 100% das vezes?

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“Nós nunca somos tão desamparadamente infelizes como quando perdemos um amor”. (Sigmund Freud)

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Tenho 28 anos e estou depressiva. Já estou com muitos problemas não quero mais ver pessoas. Não quero falar com ninguém e estou lutando para viver por que todos os dias a vontade de cometer suicídio me  consome. Só não fiz isso por causa do meu filhinho de quatro anos.

Helen, 28.

 

A depressão se é esse o seu caso, apresenta vários graus. Em casos extremos a pessoa chega ao suicídio, por isso indica-se ajuda profissional urgente.

O fechamento da pessoa ao mundo é característico dela. Há uma retração da libido, energia que flui em nós para nossa relação com o mundo. Não querer falar com ninguém denota um grau mais avançado dela, pensar em suicídio então nem se fala. E segundo o que diz isso é todo dia. Procurar ajuda profissional nesse caso é fundamental!

Para o psicanalista Carlos Genaro Gauto Fernandez (in memorian), “a depressão é uma vontade de adoecer por ceder a ideais ilusórios”. Em outras palavras, você estabeleceu metas na vida que estão além de seus recursos, seja ele emocional, financeiro, físico, afetivo, etc. Estando aquém deles, em dado momento percebeu isso e emprestou seu corpo para que ele fale por você.

A depressão é uma fuga da responsabilidade por seus desejos. Viver dá trabalho e muito. Você mesma diz ter um bom motivo para lutar contra a depressão, além do principal que é você mesma. Resta saber que escolha fará.

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