Pandemia, desemprego, solidariedade e filantropia em Piracicaba

Barjas Negri

 

Desde minha experiência como vereador em Piracicaba e depois de Secretário Municipal de Educação e de Planejamento pude acompanhar as ações sociais, de solidariedade e de filantropia de empresas, empresários da classe média, de inúmeros clubes de serviços e de entidades de classe, que sempre ajudaram famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade social, em especial aquelas que moram nas comunidades de favela. Aliado a essas ações, centenas de pessoas anônimas sempre auxiliaram com as doações de roupas e alimentos para entidades assistenciais e religiosas que fazem um trabalho social muito importante.

Essas ações foram crescendo ao longo do tempo, sempre com maior ênfase em período de recessão da economia ou em momentos atípicos, como de muitas chuvas e inundações, prejudicando famílias atingidas por esses eventos naturais. Lembro-me bem das fortes chuvas do ano de 2010, quando vários bairros e casas foram atingidas pelas fortes chuvas, desabrigando, pelo menos, 400 famílias na Vila Rios, no Algodoal, na Rua do Porto e outros locais. Houve uma grande mobilização da sociedade piracicabana que, num prazo de 20 dias, conseguiu em doações móveis e utensílios domésticos para todas essas famílias, permitindo seu retorno as suas casas.

Isso mesmo. Foram mesas, cadeiras, sofás, armários, camas, colchões, fogões, geladeiras. A maioria móveis novos, fruto do trabalho de empresas, empresários, clubes de serviços, entidades de classe, que não mediram esforços para garantir recursos para a aquisição desses produtos. Como prefeito à época, junto com minha equipe de secretários e servidores, digo que esse resultado foi gratificante para todos nós, quem recebeu e quem fez a doação.

No ano passado, em meio à pandemia do coronavírus, verificamos uma grande mobilização da sociedade piracicabana que, em articulação com a Prefeitura e o Fundo Social da Solidariedade, de imediato conseguiram fazer a doação de 10 mil cestas básicas de alimentos e depois mantivemos uma arrecadação significativa para permitir que o Banco de Alimentos atendesse mensalmente centenas de famílias. Em 2020 foram doadas 15.707 cestas de alimentos, o dobro do ano anterior.

Neste ano, após a atual gestão municipal ter feito a transição de governo inadequada e precária, assistimos nos primeiros meses uma redução no número de doações de alimentos e, consequentemente, de cestas básicas, o que prejudicou muitas famílias em situação de vulnerabilidade social. Por sorte, mais uma vez, empresários e empresas, clubes de serviços, entidades de classe, e uma longa legião de famílias da classe média, se mobilizaram e reestabeleceram em abril o fluxo de doações para o Fundo Social (Banco de Alimentos) que retomou a entrega das cestas de alimentos. Mas, acrescente-se, a essa ação, o trabalho anônimo de dezenas de pessoas na doação de alimentos para famílias e moradores em situação de rua e desemprego, principalmente neste momento em que agravou-se a pandemia.

Todos estão fazendo a sua parte e devem ser enaltecidos e cumprimentados, na esperança de continuidade dessas ações sociais, uma vez que a pandemia e a recessão econômica não devem cessar ao longo dos próximos meses e a legião de desempregados e vulneráveis ainda vai continuar precisando com números elevados. É preciso continuar com essas ações de solidariedade.

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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba

 

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