Ômicron, um novo desafio para a inteligência

José OsmirBertazzoni

 

Milhões de brasileiros desistem do cinema sem problemas: a pandemia acentuou e acelerou coisas que já estavam acontecendo; a hegemonia da rede, o primado do comércio eletrônico, a desvantagem dos teatros, dos shows, da vida social, o domínio do virtual sobre o real.

E ometaverso (termo utilizado para indicar um tipo de mundo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais) ainda não chegou, do qual ainda não sabemos se será um beco sem saída, um galho morto, uma moda passageira como os óculos do Google, ou uma nova revolução. Mas primeiro precisamos sair da pandemia.

Já dissemos a nós mesmos que os próximos dois meses serão difíceis, possivelmente muito difíceis, e teremos que nos preparar para novas restrições. Nós vacinados com três doses também teremos que fazer a nossa parte.

Com uma condição: qualquer dispensa ou obrigação imposta aos vacinados será incompreensível se os não vacinados puderem voltar a sair, sem cumprir suas responsabilidades. Não há problema em aceitar novos fechamentos, não há problema em ir ao cinema, teatro, estádio ou pegar um avião; contanto que avancemos para a vacinação obrigatória, como acontece na França e na Alemanha.

Se, por outro lado, decidimos que a liberdade individual justifica qualquer risco, mesmo vendo hospitais e unidades de terapia intensiva superlotadas pela variante Ômicron, então não fica claro por quê a liberdade dos vacinados deve ser limitada.

Seria – sobre a reforma tributária – como enfurecer os contribuintes honestos, oferecendo benefícios adicionais ou reduções de impostos para aqueles que não pagam, dessa forma, encorajando a evasão fiscal.

Se estamos relativamente em melhor situação do que outros países graças a ação do SUS, com forte apelo a Fiocruz e ao Butantã, é porque até agora incentivamos a vacinação e superamos os negacionistas e um governo facínora.

Mudar de direção seria prejudicial. E se é realmente necessário adiar operações urgentes em hospitais e é difícil hospitalizar pessoas afetadas por outras doenças, porque enfermarias inteiras devem ser convertidas para dar lugar aos não vacinados afetados por Covid-19, eu me pergunto se a obrigação de vacinação – por mais difícil que seja aplicar – não deve ser levado em consideração por nós também.

A vacina não garante imunidade; mas não se vacinar na época da Ômicron é quase uma garantia de adoecer e flertar com a morte.

Os negacionistas que me perdoem, mas daqui para a frente a culpa evidenciada pelo sucesso das vacinações sobre novas mortes será atribuída a todos que ideologicamente combatem a vida.

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José Osmir Bertazzoni, jornalista, advogado; e-mail: [email protected]

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