Como chegamos às variantes (II)

José F. Höfling

 

Para felicidade nossa, temos Países mais adiantados cientificamente e politicamente (com uma consciência social maior), que nos indicam melhores condições de sobrevivência frente a tantas pandemias e endemias, nos colocando de sobreaviso antecipadamente em relação aos patógenos que assolam a humanidade. Estespaíses estabeleceram consórcios de vigilância genômica (detecção de genes virais)para coordenar os esforços dos diversos Países em conjunto no “sequenciamento” (conhecimento da sequência dos genes de cada microrganismo) dos mais diversos tipos, particularmente vírus. Esses estudos são essenciais para o gerenciamento desses patógenos, no apoio à saúde pública como resposta de emergência. Tecnologias de sequenciamento (conhecimento das letrinhas de cada vírus), permitem o sequenciamento parcial ou completo do genoma (força vital) viral e têm sidos fundamentais na identificação de “variantes emergentes” com base no risco para a Saúde da população de vários países. Com base neste “risco” as variantes são caracterizadas como: Variantes de interesse, Variantes de preocupação e Variantes de alta consequência.Uma Variante de interesse é qualquer variante que se espalha dentro de uma população e tem uma ou mais mutações que são previstas para aumentar a transmissibilidade, aumentar a gravidade da doença ou diminuir a eficácia das medidas antivirais (por exemplo, escape imunológico, diagnóstico ou fuga terapêutica). A Variante de preocupação, é uma variante com mutações que estão associados a um aumento na transmissibilidade, aumento na virulência, na gravidade da doença e / ou uma diminuição na eficácia de medidas antivirais. Uma variante de alta consequência é uma variante que é capaz de superar medidas preventivas ou tratamentos médicos. Atualmente, não há variantes na categoria “Variante de alta consequência”.

Várias novas variantes do SARS-CoV-2 surgiram. Existem cinco variantes de interesse (designadas como Eta, Iota, Kappa, Lambda e Mu) e quatro Variantes de Preocupação (conhecidas como Alpha, Beta, Gamma e Delta). Todas as quatro variantes de preocupação foram relatadas em todo o mundo, com a variante Alfa confirmada em 200 países. A variante Delta causou um aumento global de Covid-19. Esta foi relatada pela primeira vez em dezembro de 2020 na Índia e se espalhou rapidamente pelo mundo devido à sua alta transmissibilidade e a capacidade de causar infecções invasivas, juntamente com o fato de que indivíduos vacinados podem espalhar o vírus. Esta variante também pode causar uma doença mais grave do que as variantes anteriores. A boa notícia é que a vacinação ainda protege contra a variante Delta. Pessoas vacinadas têm menos probabilidade de serem infectadas com a Variante Delta e ainda está altamente protegida de hospitalização e morte.

O risco de uma nova variante superar a proteção induzida por vacina aumenta com altas taxas de incidentes virais em todo o mundo. A variante Mu, atualmente classificada como variante de interesse, foi identificada pela primeira vez na Colômbia em janeiro de 2021 e, desde então, se espalhou para 39 países. Os cientistas estão preocupados que algumas das mutações na variante Mu ofereçam o potencial de um “escape imunológico” para o vírus (vacina e imunidade induzida não protegeria mais do SARS-CoV-2). A partir de agora não está claro se o vírus ainda tem a capacidade de escapar totalmente da imunidade protetora, mas devemos estar cientes do risco potencial e agir em conformidade. Assim, o risco de uma variante escapar da imunidade à vacina ainda existe.

Temos agora mais uma variante denominada de Ômicron. Observações preliminares indicam que ela se espalha mais facilmente do que o vírus Sars-Cov-2 selvagem (originário) e do que a variante Delta. Há o aparecimento desta variante em vários países. No Brasil, até o momento há menos casos desse vírus e a maioria estão assintomáticos e foram colocados em isolamento. No entanto, a maioria dos indivíduos detectados com essa variante estão vacinados com duas doses da vacina e são considerados casos importados, ou seja, estiveram em locais de circulação da variante ou tem vínculo com alguém que veio dessas localidades. São necessários, no entanto, mais dados para saber se as infecções pela variante causam doenças mais graves ou mais mortes do que a infecção por outras variantes e também não se sabe se ainda haverá reinfecções e infecções emergentes em pessoas totalmente vacinadas contra a covid-19. A princípio acredita-se que as doses atuais devem proteger contra doenças graves, hospitalizações e mortes, mesmo em casos de infecção pela Ômicron, o que ressalta ainda mais a importância da vacinação completa e da dose de reforço, principalmente para os mais susceptíveis…Dados atuais demonstram que essa variante está se alastrando de forma rápida, principalmente na Europa, onde centenas de casos de positividade tem sido detectados…Como não bastasse tudo isso temos agora também o ressurgimento do vírus da gripe (influenza), que acomete principalmente idosos e crianças…portanto, a vacinação contra essa doença é aconselhável e sugerida.

Só se pode pedir a todos que sejam vacinados e que continuem a seguir as medidas para reduzir a propagação viral, como o uso de máscaras em ambientes públicos, distanciamento e evitar lugares fechados. Com um vírus em rápida evolução, é urgente se ter dados de variantes da população revisados ​​tão perto de tempo real quanto possível, a fim de coordenar efetivamente a pandemiacomo resposta ao surto. Os esforços de contenção da saúde pública continuarão e dependem do monitoramento de taxas de incidentes, ocorrência de variantes conhecidas e identificação de novas mutações regional, nacional e global. De nossa parte, podemos apoiar as medidas de saúde pública, fazendo testes contínuos se suspeitarmos de uma infecção com SARS-CoV-2, ou seja, o Covid-19. Enquanto o ser humano não tomar consciência que nosso planeta é tudo que temos e tudo que fizermos à Terra recairá sobre nós…estaremos à mercê de grandes danos sociais que afetam as populações de todo o mundo das mais variadas formas…

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José F. Höfling, professor universitário, microbiologista e Imunologista

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