Um tempo bem melhor pra se viver

Carolina Angelelli

 

Escrevo semanalmente para este jornal. Porém, na semana passada, falhei. Não vou advogar em causa própria porque tenho certeza que quase todos estão neste mesmo ritmo: muitos afazeres e muitos acontecimentos simultâneos.

Estamos esgotados e buscando perspectivas para vivermos num mundo pós-pandemia. Empatia, amor, respeito, solidariedade, consciência social… todos nós queremos um tempo bem melhor pra se viver.

A frase acima faz parte do refrão do jingle de Leonel Brizola usado em sua campanha presidencial no ano de 1989 e reflete o que todos nós queremos.

A mesma frase também intitula o livro do historiador trabalhista Wendel Pinheiro, que esteve em Piracicaba nesta semana promovendo o seu lançamento. O evento realizado na Câmara de Vereadores de Piracicaba contou com o apoio do vereador Cássio Luiz Fala Pira. Os vereadores Zezinho Pereira e Paulo Campos também participaram e prestigiaram o lançamento da obra histórica.

Pinheiro é historiador, membro do Centro de Memórias Trabalhista e também integra o Diretório Nacional do Partido Democrático Trabalhista – PDT.

Neste mês de dezembro, dentre tantos assuntos que quero escrever, não posso deixar de citar uma personalidade forte, que marcou a história de nosso país: em 4 de dezembro de 2011, o Brasil perdia Sócrates Brasileiro, o Doutor.

 

REFERÊNCIA

Vivemos tempos de polarização extrema e despolitização. Raros são as figuras públicas que saem da alienação ou neutralidade e se posicionam. Carecemos de representação!

“Se as pessoas não tiverem o poder de dizer as coisas, eu vou dizer por elas. Quando eu era jogador minhas pernas amplificavam a minha voz.”

O meia-atacante tinha personalidade forte e era intelectualizado. Formou-se em Medicina pela USP e num contexto político em que a liberdade individual era negada, direitos civis caçados e opositores torturados, o Doutor encabeçou a Democracia Corinthiana. Movimento que deu voz aos atletas nas decisões técnicas e políticas do Corinthians.

Descontraído, com personalidade forte e língua afiada, fugiu dos padrões e militou incansavelmente pelas “Diretas Já”.

Quando foi jogar na Itália uma jornalista perguntou a ele quem era o italiano que ele mais gostava: Mazzola ou Riviera.

Ele respondeu: “Não os conheço. Estou aqui para ler Gramisc na língua original e ler a história do movimento operário.”

Sócrates representou uma geração e foi o craque mais politizado que o Brasil já teve. Política, de fato, não saía de sua cabeça, talvez de forma até exagerada em alguns momentos.

 

NAS MARGENS DO RIO PIRACICABA

 

É este mesmo doutor Sócrates que já se sentou nestas margens do nosso Rio Piracicaba pra falar de política com o pré-candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes. Ahhh, se este nosso Rio pudesse contar histórias, não é mesmo?

 

LÍNGUA AFIADA II

Estávamos com Ciro Gomes em Campinas na semana passada e nos emocionamos com seu discurso firme. Dono de uma moral ilibada, com vasta experiênciaadministrativa, perspicaz e corajoso, ele está incomodado o “establishment” e nesta semana uma operação absurda e infundada da Polícia Federal invadiu a sua casa.

 

ONTEM, HOJE E AMANHÃ

Ontem com Sócrates, hoje com Ciro… nós ousamos sonhar com o futuro.

E eu sonho viver num país onde nós mulheres estejamos ocupando os espaços de poder e decisão em situação de igualdade.

E eu não sonho sozinha. Acredito nisso porque, também na semana se que passou, participei de um encontro inédito promovido pela vereadora Rai de Almeida, na Câmara de Vereadores de Piracicaba. Lideranças políticas femininas de diversos espectros políticos estavam presentes. Em pauta: o enfrentamento a violência política de gênero.

Violência política de gênero que afasta as mulheres da política e que unidas todas as presentes se dispuseram a enfrentar. Violência política de gênero que pessoalmente enfrentei durante este desgastante ano que se encerra. Violência política de gênero que atacou recentemente a Deputada estadual piracicabana Professora Bebel.

Por isso, mesmo atrasada, não me permito deixar de registar publicamente o meu repúdio ao ocorrido e minha admiração à sua trajetória consistente de lutas e conquistas.

Por tantos assuntos e experiências, finalizo escrevendo que acredito ser absolutamente possível fazermos política sem ódio e com diálogo.

 

ESPERANÇA

O próximo ano irá nos impor grandes desafios para convivermos com o “novo normal”. Mas, é também em 2022 que teremos a oportunidade histórica de mudarmos a nossa realidade.

Afinal, é ano eleitoral!

E, como sugestão de guia, deixo humildemente mais uma frase do “Doutor Sócrates” com a pretensão de conduzir a reflexão dos nossos atos: “A minha energia vem da beleza humana. Então, todas as vezes que eu puder conviver com pessoas que me dão está energia, eu não abro mão.”

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Carolina Angelelli, presidente do PDT de Piracicaba

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