Natal, a festa da luz

Carlinhos Gonçalves

 

Depois de um ano tumultuado chegamos ao Natal. Dores, perdas, medos e distanciamentos daqueles que amamos, amigos e parentes. Durante um ano, estivemos longe da conversação e da aproximação, ficamos longe do jogo de adivinhação do pensamento alheio como falava Zelden, distanciados das conversas frente a frente onde as palavras dançavam umas com as outras, as opiniões trocavam caricias e nossas imaginações nos desnudando para novas conversas que se abriam.

É Natal onde a mensagem está escrita no coração das pessoas e toda humanidade desperta para uma consciência espiritual. Embora em todas as religiões celebra-se o nascimento de grandes almas em datas especiais. Conta-se que, na religião muçulmana, tem um bonito costume que vale a pena cita-lo: em certo dia do ano, eles vão de porta em porta carregando uma lanterna e dizendo em voz alta “Alekh! Alekh! Alekh” que tem o profundo significado de luz! Luz! Luz! Na verdade, existe uma profunda filosofia espiritual neste pensamento, ou seja: “Eu trago luz para seu lar; ou dou luz para sua casa; eu deixo luz em sua morada”. Na verdade, durante o transcorrer dos tempos, o ser humano tem adorado a luz como símbolo de iluminaçãoe raio da divindade que procura brilhar dentro de cada um e de todos nós.

Para mim, as festas natalinas trazem de volta a luz que brilhou em minha imaginação desde a infância, ou seja, o da rua Governador Pedro de Toledo, num festival visual de luz e decoração. As vitrines enfeitadas, as treliças de um lado ao outro da rua com materiais alusivos à natividade. As lojas de brinquedos como: Ao Cardinali, Casa Portuguesa e Lobras (lojas brasileiras), ficavam “apinhadas” de gente como se dizia no dialeto caipiracicabano. A Praça José Bonifácio totalmente iluminada e transitada por famílias antes e depois da Missa do Galo na Igreja matriz de Santo Antônio – A Catedral.

Na maioria dos lares, durante o período natalino, podia se encontrar as árvores simbolizando um tributo a Deus como sabedoria, imortalidade e amor. No cume delas, despontava a estrela de cinco pontas simbolizando a revelação da luz de Cristo. Também havia os cartões natalinos que eu recebia durante esse período santificado que, para mim, simbolizava a consciência de Deus e os pensamentos divinos de respeito e devoção. Eu, particularmente, gostava deles e os guardava como um colecionador para durante todo o ano que se seguia poder sentir a energia que emanava de suas frases e estampas impressas.

Esse era o Natal de minha cidade, de minha terra e de minha gente. Espero de coração que este Natal, em final de pandemia (que assim seja), nos inspire e que a luz interior nos guie durante o ano todo ajudando iluminar um ao outro, que o nosso vizinho não seja aqueles que moram ao lado ou no quarteirão seguinte, mas todos que habitam esse maravilhoso planeta.

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João Carlos Teixeira Gonçalves, Carlinhos, professor, conferencista, especialista em Marketing Institucional.

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