Enquanto bancos lucram, brasileiros passam fome

Max Pavanello

 

Um dos meios de comunicação que me valho para me informar é o portal de notícias Poder 360. Recebo diariamente sua“newsletter”, que compila as principais notícias publicadas no dia anterior.

O Poder 360 possui um instituto de pesquisas, o PoderData, que realiza pesquisas com habitualidade sobre temas de interesse político, econômico e social.

No dia 11/12/2021, recebi a “newsletter” e uma das matérias que me chamou atenção foi: “PoderData: 27% comeram menos que o habitual ou passaram fome na pandemia”.

Esse percentual é a soma dos que afirmaram ter deixado de fazer alguma das refeições diárias ou passaram fome (6%) com os que afirmaram que passaram a comer menos (21%), e representa quase 58 milhões de brasileiros e brasileiras.

Evidentemente, os que passaram a comer menos não são os que estão de regime para emagrecer, mas sim, estão com dificuldades financeiras que os têm levado a comprar menos alimentos.

Isso é resultado direto da política neoliberal implantada pelo (des)governo federal. Política que privilegia o capital especulativo e bancos.

Essa política é facilmente verificável quando se analisam os números, pois, Bradesco, Itaú e Santander, as 3 maiores instituições financeiras privadas do país, lucraram R$17,9 bilhões, no 3° trimestre de 2021, o que é 28,5% maior do que o mesmo período de 2020.

Enquanto bancos lucram, o desemprego cresce! Coincidência ou consequência?

A taxa de desemprego bateu recordes esse ano, chegando a 14,7%, e antes que se escude na pandemia, pela série histórica vê-se que o (des)governo federal nunca chegou a enfrentar o problema com a devida seriedade (janeiro de 2017 – 12,6%; janeiro de 2018 – 12,2%; janeiro de 2019 – 12%; janeiro de 2020 – 11,2% e janeiro de 2021 – 14,7%).

Somam-se aos desempregados, os desalentados (pessoas que perderam as esperanças de conseguir emprego, por isso desistiram), que gira em torno de 5,5% da população, e os subutilizados (pessoas que gostariam de trabalhar mais, para melhorar a renda) cerca de 26,5%.

Com a soma de desempregados, desalentados e subutilizados, não é nenhuma surpresa que o brasileiro tem comido menos ou passado fome.

Mas, outro fator a ser lembrado, que contribui significativamente para que o brasileiro faça menos refeições e coma menos, é a inflação galopante, que já passou de dois dígitos no acumulado dos últimos 12 meses, o que corrói o poder de compra de nossos salários. Enquanto os preços dos produtos que consumimos no dia a dia dispararam, nossos salários seguem congelados.

Qual o brasileiro não gosta de café? Costumo comprar uma determinada marca, que no início do ano era vendida, quando estava cara, a R$9,99, hoje está R$16,99, quase dobrou de preço. Isso se repete na carne, no combustível, no gás, e por aí vai. Mas, nossas remunerações, no máximo, continuam as mesmas.

E o que tem feito o (des)governo federal? Basta olhar para a série histórica da taxa de desemprego para se concluir que não fez nada, nenhuma medida eficiente. Pelo contrário, busca mecanismos para favorecer e aumentar os lucros do sistema financeiro. Um exemplo é uma das medidas aprovadas, o marco legal do câmbio, projeto de lei de autoria do Poder Executivo.

O marco legal do câmbio amplia a autorização para pagamento em moeda estrangeira de obrigações devidas no território nacional e para manutenção de conta em dólar no Brasil.

Segundo muitos economistas, o marco aprovado pode abrir espaço para uma dolarização da economia, especialmente diante da nossa inflação. Fenômeno parecido com o que aconteceu na Argentina, por exemplo. O marco pode levar a uma fuga de investidores e capital para o dólar.

Não se vê o empenho do (des)governo na criação de empregos, mas o Ministro banqueiro Paulo Guedes, o mesmo das contas em “offshores” no exterior, que lucra com o aumento do dólar, busca mecanismo que pode levar à dolarização da economia.

Infelizmente, com olhares voltados para os bancos e capitais especulativos, a situação de penúria do povo brasileiro deve continuar.

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Max Pavanello, advogado, vice-presidente do PDT de Piracicaba

 

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