Virtual (I) No Reino da Fantasia

Em uma pintura do belga René Magritte há um cachimbo pintado com os dizeres “isso não é um cachimbo”. Obviamente causa impacto. Lacan didaticamente a utiliza como referência ao simbólico. Realmente, um cachimbo serve para consumo de tabaco, mas aquilo é apenas sua representação.

Estou falando das redes sociais. Sim, pois as pessoas ali representadas por seus perfis não estão ali. Estão representadas por imagens, ideias, palavras, mas não é o real.

Há alguns anos vi pelo meu Facebook uma verdadeira convulsão. Uma jovem de 26 anos, contato virtual meu há cinco anos desativou sua conta. Alguns dias depois alguém veio esclarecer. A jovem que exibia fotos de uma linda garota contava aos mais íntimos o quanto sofria violência de seu namorado. Devia-lhe dinheiro sem ter como quitar a dívida e os mais sensibilizados ganhavam sua simpatia.

Assim agiu por cinco anos. Apaixonou-se por um homem de 30 e ele por ela. A interação observada no perfil era notadamente de um romance. Algumas dúvidas ficavam no ar, ele decidiu investigar. Chegou aos fatos: ela era mulher casada, com três filhos, 40 anos à época. A dona das fotos foi localizada e informada e um enorme rebu se armou.

Pretendi mostrar o que René Magritte mostrou em sua pintura. Pessoas interagem nas redes por meio de perfis, mas eles não são a pessoa, senão sua representação. As consequências podem ser nefastas.

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“Precisamos amar para não adoecer”. (Sigmund Freud)

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Estou solteiro há três anos e sinto enorme dificuldade de me aproximar das mulheres. Saí de um relacionamento sofrível e minha única vontade é ir morar em uma caverna. Apesar da solidão não tenho disposição para sair ou procurar alguém. Falo pouco, pareço um homem casado, rosto sério e para me tirar um sorriso só com milagre. Já tentei mudar isto, mas parece vício e acabo afastando as pessoas.

José.

 

Seria preciso saber o que a saída desse relacionamento lhe representou para se dizer algo com fundamento. Entretanto, se esse isolamento se deu como consequência da ruptura não resta dúvidas.

Parecer “sério” (como descreve) não é defeito algum, mas sentir-se mal com isso é outro papo. Todo sintoma aparece no lugar de um desejo que não encontrou meios de satisfação, e como tal nos incomoda de alguma maneira.

O isolamento é comum para a elaboração do luto, mas três anos merecem reflexão. Unido a isso há a dificuldade de aproximação e falta de disposição para a vida, sorrir novamente. Você mesmo percebe que afasta as pessoas de si próprio. Há um conjunto de atitudes que toma e não lhe são muito claras quando as põe em prática, que denunciam seu mal estar.

De nada adianta lhe dizer para mudar, você sabe que precisa disso. Uma investigação sobre as reais causas podem lhe ajudar. Com a ajuda de um profissional poderia sair dessa mais facilmente.

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