Merenda da Prefeitura para todos alunos da rede pública

Barjas Negri

 

O Programa de Alimentação Escolar foi criado nos anos 1950 quando havia poucos alunos no Ensino Fundamental, que foi crescendo à medida que o ensino público se expandia no Brasil. De início, a Merenda Escolar de Piracicaba era produzida apenas para os alunos do Ensino Fundamental da rede pública estadual e para as crianças de entidades filantrópicas. Isso ocorria porque a Prefeitura não ter escolas do Fundamental, o que acontece apenas a partir de 1997 com a criação do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério)  que, ao valorizar o Ensino Fundamental, estimulou a sua municipalização.

Até então, a Prefeitura de Piracicaba mantinha somente uma rede de educação infantil que também foi crescendo rapidamente. Com isso, o Setor de Merenda Escolar começa a ser modernizado, ampliadasas suas instalações e contratados servidores qualificados para dar conta dessa importante tarefa de fornecer alimentação escolar aos nossos estudantes, com boa proposta nutricional, capaz de estimular alunos de famílias de baixa renda a frequentarem e permanecerem nas escolas.

Diversos prefeitos procuraram dar o maior apoio ao Setor da Merenda Escolar, reconhecendo sua importância e trabalhando para a cidade na inclusão de alunos das redes de ensino estadual e municipal. Não tiveram olhos apenas para os alunos da Prefeitura, ou seja, da rede municipal. Posso destacar os prefeitos Adilson Maluf, João Herrmann Neto, José Aparecido Borghesi, Mendes Thame e Humberto de Campos e, ainda, incluindo as minhas gestões como prefeito, transformamos o Programa de Alimentação Escolar de Piracicaba num dos melhores do estado de São Paulo.

O nosso Programa de Alimentação Escolar conta com nutricionistas que realizam toda supervisão técnica nas unidades terceirizadas e de autogestão, num trabalho articulado por dezenas de servidores municipais, centenas de merendeiras contratadas pela própria Prefeitura e por empresa terceirizada. São mais de 100 mil refeições produzidas e distribuídas todos os dias úteis, para mais de 200 escolas: creches e escolas de ensino fundamental do município, escolas estaduais de ensino fundamental e médio, instituições conveniadas e ETECs. Imaginem a logística deste trabalho diário que, até 2020, funcionava bem.

Neste segundo ano de pandemia tudo parece ter saído do controle e do planejamento da Prefeitura, com sucessivos contratos emergenciais, perda de 1 tonelada de carnes bovina e de frango, fatos esses amplamente divulgado pela mídia local. Mais recentemente, a impressa informou que a Prefeitura não mais fornecerá merenda para os alunos da rede estadual, fazendo o prefeito comporta-se como prefeito de prefeitura e não da cidade. Afinal os 30 mil alunos do Estado também são piracicabanos e seus pais trabalham para que Piracicaba torne-se uma cidade cada vez melhor para se morar. Não tem aluno de 1ª ou 2ª categorias. Todos são alunos da rede pública de Piracicaba.

Quero destacar o trabalho das últimas secretárias de Educação, sempre preocupados com a qualidade da merenda escolar servida aos alunos das redes municipal, estadual, entidades etc. Vale o registro o trabalho da gerente Daise Diniz Paulo Eluf, que esteve à frente do Setor da Merenda Escolar por 20 anos. Seu trabalho competente, desenvolvido com servidoras e merendeiras que garantiu a Piracicaba destaque ser destaque na produção e distribuição da Merenda Escolar.

Claro que tem o componente econômico, pois os recursos que o Estado envia para Piracicaba não cobrem todas as despesas. A Prefeitura arca com a diferença, são vários milhões de reais por ano. Mas foi pensando na melhoria do ensino de todos esses alunos, que os prefeitos de Prefeitura sempre aportaram recursos adicionais à merenda e praticamente não houve problemas. Além disso, a merenda para a Rede Estadual de Educação sempre implicou mais trabalho para a Prefeitura. Agora para quem quer trabalhar menos, cancelar a merenda dos alunos do Estado parece fazer sentido. É uma pena.

Para finalizar é preciso dialogar bastante com o Estado para equacionar a ampliação do aporte de recursos estaduais. No passado obtivemos êxito para o custeio do AME (Ambulatório Médico de Especialidades), do Hospital Regional e também para elevar o aporte de recursos do Estado para a merenda. E com isso evitar o desmanche parcial do Setor de Merenda Escolar que funciona bem há quase 50 anos.

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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba

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