O STF e as religiões de matriz africana

Ronaldo Almeida Sango

 

Aquele sendo escolhido pelo Presidente da República, aquele “terrivelmente evangélico”, vai assumir a vaga do ex-Ministro Marco Aurélio Mello no STF. André Mendonça, como pastor é conhecido por defender pautas ultra-conservadoras em defesa da família, pátria e tradição, contrário aos movimentos que defendem os LBGTQIs, os negros e, por diversas vezes, se mostrou contrário as pautas defendidas por feministas.
As religiões de matriz africana, a Umbanda e o Candomblé, por exemplo, são consideradas por André Mendonça como seitas atrasadas, primitivas, praticadas por pessoas sem cultura e que não trazem a verdadeira palavra de Deus”.
Atuou fortemente como chefia da Advocacia Geral da União, depois passou muito rapidamente pelo Ministério da Justiça.
Por onde passa, André Mendonça é conhecido por se cercar de pessoas evangélicas em detrimento às de outras religiões e de promover de forma obrigatória a realização de cultos evangélicos diários.
Chegou a usar a lei de segurança nacional, herança da ditadura militar para processar vários jornalistas, e professores universitários por criticarem o presidente da república. Chegou a produzir um dossiê sobre a atuação de 579 professores e policiais identificados como antifascistas.
Boa parte da sociedade civil, até evangélicos mais liberais e políticos do Congresso Nacional já alertaram para o perigo de André Mendonça no STF e do risco que ele representa para a liberdade de culto no nosso País.
No Candomblé, por exemplo, André Mendonça já se manifestou publicamente ser contrário ao sacrifício de animais.
Vivemos tempos difíceis? Vivemos! E André Mendonça no STF é um retrocesso e uma ameaça à liberdade no nosso país.
Em nenhum lugar como em um Tribunal que é o topo da pirâmide do Poder Judiciário, a independência é tão essencial, agora imagine só, um novo ministro do STF dizendo: “Agradeço aos Orixás! É um passo para um homem e um salto para o povo de terreiro.” A reação seria a mesma? Mas, não é isso que vai acontecer.
É preciso que o povo de santo, o povo de matriz africana se organize, o ódio, o preconceito, a violência por discriminação religiosa saiu do “armário”, hoje, por conta a apologia a violência praticada pelo representante maior da república, as pessoas se acham com poder para destilar, praticar não somente hostilização, mas, muita violência de fato, é mais que urgente uma Frente Nacional de Terreiros que possa de verdade parar essa tentativa de exterminar quem cultua os seus guias, encantados e Orixás.
Axé para quem é de Axé!
Axé para todo o mundo Axé!
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Ronaldo Almeida Sango, religioso de matriz africana

 

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