Dia Nacional da Umbanda

Ronaldo Almeida

 

Começo esse artigo saudando a minha ancestralidade e, como reza tradição e doutrina de matriz africana, peço benção dos meus irmãos umbandistas e candomblecistas mais velhos e aos mais novos.

Nesse dia 15 de novembro é uma data comemorativa, é o dia Nacional da Umbanda, muitos que nesse momento lem este texto, certamente já ouviram, já visitaram ou ainda conhecem muito de perto um terreiro de Umbanda.

Mas, em pleno 2021, ainda nos deparamos com perseguições, caso de pura intolerância religiosa, muitas das vezes extrapolando o campo da hostilizarão apenas e partindo para ataques com muita violência. Precisamos dar um basta, precisamos dizer chega!

Há algumas semanas, fui procurado por um amigo, um irmão de fé, Pai André Toledo, me convidando para, junto dele, organizarmos uma atividade em Piracicaba, neste mês da consciência negra, e comemorarmos o Dia Nacional da Umbanda. Confesso que a princípio não acreditei que teríamos qualquer condição de realizar algo, mas, duas ou três conversas, logo me convenci da importância em comemorar essa data.

Todos sabem da minha militância, seja ela partidária, seja ela pelo estado laico ou pela liberdade religiosa de verdade.

Sou um religioso de matriz africana e com muito orgulho. Nunca escondi isso de ninguém. E por mais difícil que seja, precisamos falar a respeito, precisamos descolonizar os nossos templos religiosos, sejam eles de Umbanda ou Candomblé.

A ideia inicial era de reunir o maior número de umbandistas de Piracicaba e região e realizarmos um evento solene, alusiva ao Dia Nacional da Umbanda, com o propósito de mostrarmos para todo o mundo que, seja umbandista ou candomblecista, é um cidadão, que paga os seus impostos e tem os seus deveres e os seus direitos como qualquer outro.

Bem, logo fomos a conversar com outros templos religiosos e, após reuniões, conversas e diálogos, saiu!

Nesta segunda (15), vários Templos de Umbanda irão se reunir para um primeiro encontro e celebrar o dia Nacional da Umbanda.

Por conta do tempo não será possível se reunir em praça pública, mas iremos nos reunir em um dos terreiros mais tradicionais e com vida ativa da cidade, a casa da querida Mãe Cândida, no bairro Pau Queimado.

Agradeço aqui, Mãe Eva e Pai José do Templo de Umbanda Ogum Sete Espadas e Mãe Oxum, ao Pai André Romero do Terreiro de Umbanda Pai Benedito de Aruanda, ao querido Pai Sérgio, Mãe Cândida e Mãe Luana da Nossa Casa Espiritual Filhos de Oxalá, ao Pai Thayo da Nossa Casa Espiritual Irmãos de Fé, a Mãe Márcia e Pai Evandro da Tenda Espiritual de Umbanda Mãe Nanã e Sr. Exú Maré, ao amigo, irmão e Mestre de Capoeira e Ogan Adriano e ao estimado Babalorisá Eduardo T’Osumare, que, desde o começo, mesmo não sendo da Umbanda, tem nos ajudado e participado de tudo.

Também à querida Marcinha da Vila África, Elaine Teotônio e Mestre Marquinhos do Afro-Pira pelo apoio e incentivo de sempre.

Hoje Piracicaba conta com dezenas de casas, templos, terreiros, tendas de Umbanda. Esse nosso encontro é o primeiro de muitos que vão acontecer: quem sabe desse dia 15 de novembro não nascerá a Utupir-SP (União das Tendas de Umbanda de Piracicaba).

Aos irmãos de matriz africana, que por ventura não participaram desde o primeiro bate-papo, neste dia 15 de novembro, estão todos convidados a se juntarem conosco para comemorar o Dia Nacional da Umbanda e mostrar a todos e todas que, um mundo sem intolerância é possível!

Axé para todo mundo, Axé! Viva a Umbanda! Parabéns.

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Pai Ronaldo Almeida Changô, sacerdote da Comunidade de Umbanda Sr. Zé Moreno das Almas, em Piracicaba

 

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