Traição

José Osmir Bertazzoni

 

O Homem vive em busca do poder, de riquezas, de terras e das propriedades, acreditam que esse poder financeiro é imortal, quase divino. Acreditam que, tendo esse poder, estariam diante de uma receita infalível de vida eterna. Como exemplo, vamos analisar as ações dos monarcas que mantiveram seus poderes na Europa do século XIV — nada diferente dos nossos dias, projetos de concentração de riquezas e do poder político sempre massacram os mais fracos.

Em França (século XIV), podemos entender e conhecer os interessantes e fatos vinculados com essa notória experiência humana.

Volvemos aos conflitos de interesses liderado pelo monarca Filipe IV (o Belo) em face a Ordem dos Cavaleiros Templários. Essa ordem religiosa foi criada pela Igreja católica e, em razão de suas atividades, fortaleceram-se — não somente com os poderes da divindade, havia também a busca dos bens materiais. Sempre eram vidas privilegiadas pagas pelo poder militar desempenhado nas Cruzadas.

Os Cavaleiros Templários, em França, tornaram-se politicamente influentes e controlavam expressivos números de bens patrimoniais.

Da mesma forma que o brilho do ouro atrai olhares ambiciosos às riquezas templárias, esse desejo também luziu aos olhos do Rei de França Filipe IV (negado pela irmandade de se filiar à ordem). Com isso, dedicou-se, pois, à implacável perseguição, acusando os integrantes dessa Ordem de praticarem rituais e difundirem crenças afastadas dos dogmas previstos pela Santa Sé. Pressionando o papa Clemente V, logo, o rei de França conseguiu materializar um processo jurídico em que os templários seriam julgados pelos crimes que supostamente cometiam.

O papa Clemente V e os demais Cardeais que apreciaram o caso decidiram inocentar completamente os templários de qualquer tipo de acusação. Os templários nunca renegaram qualquer das liturgias católicas, porém, mantinham as disciplinas militares e lealdade entre seus membros.

Se vislumbrarmos os dias de hoje, perceberemos que nada mudou, sempre o lobo estará pronto para atacar os inimigos, mesmo que sem fome.

A decisão do papa frustrou os planos da monarquia francesa, não correspondeu às desconfianças.

O papa, confuso, organizou uma assembleia pública em 1308, afirmando que situação dos templários seria resolvida em um concílio. Naquele mesmo ano, o rei acusou, julgou e condenou à morte na fogueira o bispo de Troyes. Essa ação autoritária obrigou os mais poderosos bispos da França a apoiarem o monarca francês.

Amedrontado pela retaliação promovida pelo rei, o papa Clemente V viu-se em uma situação desconfortável: ou preservava a unidade cristã, ou enfrentava uma guerra para defender os templários.

O Concílio de Vienne (1311 – 1312) fez com que o chefe supremo da Igreja declarasse a extinção da ordem religiosa dos Cavaleiros Templários. Esse gesto deu poder ao monarca Filipe IV para saquear e matar todos os cavaleiros templários presentes na França e se apropriar de seus bens patrimoniais. Como receita trouxe primeiro a desonra, depois deu as carnes putrefatas aos abutres para devorarem as carcaças dos seus desafetos; não é nada tão antigo que não vivamos hoje.

Jacques de Molay, grão-mestre dos templários, queimado vivo na fogueira em uma pequena ilha do rio Sena, antes de morrer profetizou: “Filipe IV e Clemente V serão julgados por Deus pelas injustiças cometidas.” Semanas depois, o rei de França e o Papa faleceram.

Tal coincidência, ainda hoje, nutre os mitos que falam sobre os segredos e mistérios da Ordem dos Templários, os ataques dos cães raivosos são consequências da nossa luta diária e, no Tempo de Deus, sabemos, ruíram os traidores.

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José Osmir Bertazzoni, advogado, jornalista; [email protected]

 

 

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