Ovo e uva boa

Walter Naime

 

A galinha apesar de não saber se veio antes ou depois do ovo, sempre após a sua postura cacareja e com isso achamos que ela estaria avisando o acontecido. A pata a mulher do pato não dá nenhum alerta e não anuncia sua postura e por isso é considerada uma propagandista sem méritos.

Já vimos falar também da galinha dos ovos de ouro. Se é que existiu, ainda estamos aguardando confirmações, pois essa estratégia não deixa de ser uma tentativa de mudar o foco do ovo para o ouro valorizando a galinha que os põe. Mais adiante falaremos da mudança de foco de dois produtos, o ovo e a uva.

A raposa, evasiva como sempre, ao olhar para o alto de uma parreira de uvas e vendo da impossibilidade de saboreá-las, num recuo que usa como deboche diz: “As uvas estão verdes”.

Os dois produtos tanto o ovo como as uvas são apreciadas pelos humanos, fazendo parte de suas alimentações na procura de fortalecimento. Assim na agricultura essas culturas são praticadas com grande frequência durante grande parte da história da humanidade.

Em sendo alimentos, apresentam-se nas formas peculiares com grandes usos em quase tudo o que é gostoso.

Os ovos são usados para cozimentos, frituras, fórmulas adicionais a uma infinidade de guloseimas, como bolos, bolachas, sucos e outros compostos.

As uvas são produzidas para a fabricação de vinhos e sucos e acompanham o homem por uma estrada de uso quase que sem limites chegando a fantasia de se criar na mitologia o “Deus Baco”, Deus do vinho. Também são usadas nas confecções em umas tantas degustações e inventos comestíveis não dispensando o seu uso para serem saboreados ao natural.

Com o caminhamento da vida, aparece no cenário a parte comercial desses integrantes dos comes e bebes que são comercializados por verdadeiros artistas na arte da venda. O vendedor, é aquele que sabe aproximar aquele que procura dispor de algo a alguém que tem possibilidade de obter aquilo que está desejando.

Um exemplo é o caso de quem com habilidade e com voz de “cantor” transitando com suas duas cestas pelas ruas comerciais com toda sonoridade anuncia “ovo e uva boa”, repetidamente.

Com esse ato até teatral obtinha sucesso nos seus negócios.

Como vemos esse vendedor possuía o talento de mesmo oferecendo produtos bons, trazia no som da sua frase uma outra coisa tida como atraente: a “viúva boa” fugindo do foco do seu comércio que era o ovo e uva e estimulando a venda dos seus estoques mesmo que não fossem tão bons.

Atualmente temos um cenário pré-eleições, parecido com esse quadro que surge com polarização de dois candidatos à presidência da república conhecidos por todos anunciados por seus atos e intenções.

Analogicamente, os dois candidatos formam as propostas mais robustas para o enfrentamento no futuro. No entanto, os eleitores que não simpatizam com os dois nomes para os seus sonhos, à procura de uma alternativa, se veem no desejo de um nome da terceira via. Aparecem nesse momento os vendedores dessa ideia, pois, com esse gesto de intensificação, as lembranças dos dois primeiros nomes prevalecem porque com as suas habilidades políticas desviam o foco na procura da “viúva boa” e reforçam a ideia de polarização, deixando de lado a persuasão da “viúva boa” quando o foco volta para o seu produto de venda que são o ovo e a uva.

Assim, a viúva boa vai no decorrer do processo ser atraída por um dos seus lados vindo reforçar um dos dois lados polarizados, apresentando os ganhos eleitorais tanto desejados pela polarização. Tudo continua igual mesmo que as uvas estiverem azedas. Não se deixe cair nessa.

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Walter Naime, arquiteto-urbanista, empresário.

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