Barjas Negri
Tive o prazer de participar de todo processo da construção do Hospital Regional de Piracicaba “Dra. Zilda Arns”: estudo e pesquisa para comprovar a necessidade de mais leitos hospitalares para o SUS, negociação e viabilização do terreno de 80 mil m2, elaboração do projeto preliminar e projeto-executivo, alocação de recursos orçamentários, licitação e contratação das obras, articulação com o governo do Estado para viabilizar os recursos para compra de equipamentos e sua manutenção (custeio).
Para executar uma obra deste porte e importância para Piracicaba e também a região fizemos muitas discussões internas envolvendo nossos secretários e uma grande equipe de técnicos e servidores públicos. Quero destacar os secretários que se envolveram nessas discussões: Fernando Cárdenas e Pedro Mello (Saúde), Arthur Ribeiro (Obras), José Admir Moraes Leite (Finanças), João Chaddad (Ipplap), Sérgio Bissoli (Procuradoria-geral), José Antonio de Godoy (Governo), Paulo Prates e Jorge Akira (Trânsito e Transportes), Vlamir Schiavuzzo (Semae) e Miromar Rosa (Comunicação). Das discussões 2008/2009 até a sua inauguração em 2018, passaram-se 10 longos anos de muito trabalho e dedicação.
Por restrições orçamentárias, o hospital teve seu início com apenas 60 leitos (42 de enfermaria clínica e cirúrgica, 8 de cuidados intermediários e 10 de atendimento intensivo) e centro cirúrgico com capacidade para 4 salas operatórias e 8 de atendimento ambulatorial. Com financiamento do governo estadual que contratou a Unicamp/Fascamp, o hospital atendeu bem a população de Piracicaba e região, reduzindo muito a fila hospitalar.
Em 2020, com o início da pandemia da Covid-19, o hospital transformou-se num equipamento exclusivo para pacientes infectados pelo coronavírus, chegando a ter 92 leitos, sendo 50 de UTI, além dos leitos e enfermaria. Durante meses ficou superlotado, mas foi a “tábua de salvação” regional no atendimento dos pacientes com Covid-19, aliviando a demanda dos demais hospitais credenciados na região pelo SUS,
Durante todos esses anos, as principais lideranças regionais trabalharam para pressionar o governo estadual para ampliar os recursos para a sua ampliação para chegar a 100% de sua capacidade: prefeitos, deputados e vereadores. Não teve uma reunião com o governo do Estado que essa demanda não entrasse na pauta. Agora, com a criação da Região Metropolitana de Piracicaba, o hospital ampliou sua importância, as finanças estaduais melhoraram e o vice-governador Rodrigo Garcia, em recente visita à cidade, anunciou a liberação de recursos para utilização de todos os seus leitos: 130, sendo 20 de UTI. De início serão utilizados R$ 18 milhões para a aquisição e instalação de equipamentos e implantação dos novos leitos.
Serão contratados mais funcionários (hoje são 400) para ampliar e muito o atendimento de clínica médica e as cirurgias para até 12 mil por ano. Em sua plena capacidade, os recursos de sua manutenção serão ampliados dos atuais R$ 45 milhões para algo perto de R$ 90 milhões por ano. A próxima etapa é dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos até agora para, ao longo dos próximos anos, ter em Piracicaba mais uma faculdade de medicina da Unicamp, cujos primeiros estudos mostram sua viabilidade.
______
Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba