Jabuti não sobe em árvore

Francys Almeida

 

O resultado soberano das urnas deve ser respeitado sempre, mas existem situações que chamam a atenção, justamente por conhecer o ditado português, que é muito usado em Brasília.

“É aquela velha frase dita na política de Brasília: jabuti não sobe em árvore. Ou foi enchente ou foi mão de gente. Se a coisa acontece é porque alguém tem interesse que ela aconteça. Então, se existe notícia fraudulenta, falsa, desinformação é porque isso interessa a alguém e temos que estar atentos”, disse o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre Fake News.

O presidenciável Ciro Gomes (PDT) costuma dizer: “Tatu não sobe em toco”. E isso tem o mesmo sentido.

Quero avaliar a inelegibilidade do então prefeito Barjas Negri (PSDB), que obteve 34,33%, correspondentes a 56.760 votos no primeiro turno, contra os 15,60% de Luciano Almeida do DEM, correspondentes a 25.786 votos.

Ficam, assim, as seguintes questões:

– Se Barjas era inelegível, por qual motivo a Justiça permitiu que disputasse as eleições?

– A divulgação da decisão de sua inelegibilidade coincidiu com o debate decisivo, onde claramente vimos quem tinha e quem não tinha propostas;

– Qual eleitor “indeciso” ou de “senso comum” vai “perder o voto” se consta um candidato indeferido no próprio site da Justiça Eleitoral?

Meus caros, jabuti não sobe em árvore, e foi o que ocorreu em Piracicaba: a interferência direta na vontade popular, elegendo candidatura que não obteve nem 1/3 dos votos no primeiro turno.

Foi dada uma lição nos tucanos, isso é fato. Quem fosse ao segundo turno teria enormes chances contra um candidato “condenado”, mas a questão é: a sequência de fatos coincidentes e determinantes beneficiou a quem?

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Saúdo Ciro Gomes, e devo concordar: tatu não sobe em toco.

Aos que melindraram na escolha do “menos pior” e hoje choram com a destruição da cultura e ciência, informo mais duas frases essenciais e amplamente divulgadas na política brasileira: “Chapéu de otário é marreta” e “na política, é preciso ter lado”

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Francys Almeida, bacharel em Direito, síndico profissional, militante partidário (PCdoB) em Piracicaba

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