Qual a grande lição sobre a humildade que Deus nos reservou?

Alvaro Vargas

 

Dentre todas as virtudes necessárias para nos tornar homens de bem, sem dúvidas, a humildade é fundamental. Ao tomarmos consciência de nossas limitações morais e intelectuais podemos saná-las, nos instruindo e realizando a necessária transformação moral. Jesus, espírito puro, nosso irmão maior e governador espiritual da Terra, durante a divulgação de sua Boa-nova, procurou nos esclarecer sobre a importância dessa virtude. Particularmente, nos momentos finais de sua encarnação, reforçou ainda mais esse ensinamento. Após a sua entrada triunfal em Jerusalém (Mateus, 21:1-11), os seus adeptos ficaram entusiasmados com o aparente sucesso dessa empreitada. Isso não passou desapercebido pelo Mestre, notando que durante a ceia eles discutiam sobre quem seria o maior no reino dos céus (Boa Nova, cap. 25, Humberto de Campos e Chico Xavier). Antevendo a “via crucis” que iniciaria naquela noite, Jesus em demonstração de humildade, cingiu-se de uma toalha, à semelhança de um escravo doméstico, lavando os pés dos seus discípulos (João, 13:4-9). Como modelo de virtudes a ser seguido, exemplificou a modéstia respeitando as limitações de seus companheiros em compreender a amplitude de sua missão, deixando inolvidável lição para o colegiado galileu e toda a humanidade.

Mas Deus nos reservou uma lição ainda mais surpreendente sobre a humildade. Observando as conquistas científicas que já logramos, particularmente no último século, podemos concluir que evoluímos muito, em pouco tempo. Iniciamos o século passado andando de charrete, e o concluímos cruzando os ares em aviões sofisticados e naves espaciais. Construímos supercomputadores, realizamos transplante de órgãos, desenvolvemos a internet etc. Lamentavelmente, no aspecto moral, desde a maioridade da coletividade humana há 2000 anos (A Caminho da Luz, cap. 12, Emmanuel e Chico Xavier), evoluímos muito pouco. Temos nos envolvido em inúmeros conflitos bélicos, culminando com as duas Guerras Mundiais, que ceifaram a vida de mais de 100 milhões de indivíduos, e destruíram inúmeras cidades. Em uma análise precipitada poderíamos questionar: teria Deus criado homens imperfeitos mesmo sendo Ele perfeito em Suas qualidades (único, eterno, justo, bom, imparcial, onipotente e Criador incriado)? Como compreender esse aparente “erro de fabricação”, visto que continuamos recalcitrando em nossas iniquidades?

Deus não cometeu nenhum equívoco quando nos criou à Sua imagem e semelhança (Gênesis, I: 26). Somos a sua maior obra e eternos como Ele. Assim, em inequívoca lição de humildade, nos criou simples e ignorantes, permitindo que fossemos cocriadores em seus designíos. O Pai, em respeito aos seus filhos, deseja que conquistemos a perfeição pelos nossos próprios méritos. No estágio atual, nos assemelhamos ao “esboço de um espírito puro” naquilo em que nos tornaremos algum dia. Temos a eternidade para evoluirmos e possuímos o livre arbítrio para decidirmos o nosso destino conforme a justiça divina exercida através do mecanismo reencarnatório, em que colhemos sempre o que semeamos nesta e nas existências pregressas. Como Ele, possuímos a condição de criar, a partir da matéria-prima que Ele nos oferece, no burilamento de nossa própria alma e, nas conquistas no mundo material. O apóstolo Paulo (Romanos, 12: 1-11) nos esclarece sobre a nossa atuação na Terra: “não quero irmãos que sejais ignorantes. Há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do espírito é dada a cada um para o que for útil, repartindo particularmente a cada um como quer”. O fato de Deus realizar a caridade através de nós, demonstra que independentemente de nossas imperfeições, somos os seus filhos, seres divinos. Que essa consciência fortaleça a nossa fé no Criador, de modo a palmilharmos pelo caminho da virtude, convictos de sempre contar com proteção da espiritualidade superior em todos os instantes de nossa vida.

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Alvaro Vargas, engenheiro, engenheiro agrônomo, Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

 

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