José Maria Teixeira
Sabe-se que é a partir da brincadeira fora de hora que se caracteriza desrespeito, abuso e na insistência desta pratica o mau caratismo. Diante da aproximação das eleições à presidência do País, outubro de 2022, nada mais aceitável e acolhedor que propostas de escolhas para uma opção melhor possível ao eleitor. Isto deva ser assim porque o Brasil se constitui em um Estado Democrático de Direito. Tudo, pois, que realce a prática da liberdade e do direito, deva aqui florescer. Mas, na medida em que limita o direito do outro deva também ser devidamente combatido.
Neste contexto, na Folha de São Paulo, 12/09, primeiro caderno, em entrevista, o economista Edmar Bacha se declara em luta para apresentar uma alternativa ao binômio Bolsonaro e Lula. Ao primeiro, por oferecer risco à democracia; e, ao segundo, à economia. Aqui, dada máxima vênia, em que pese a envergadura do saber econômico do entrevistado, o objetivo da alternativa à presidência em construção por ele constitui uma verdadeira brincadeira fora de hora com suas decorrências de desrespeito e abuso do povo brasileiro.
Por primeiro, não é possível descolar a democracia da economia. Esta relação é intrínseca, não há, pois, como falar em risco à democracia sem falar em risco à economia. Portanto, há que se falar, sim, em risco de governo.
Como tal faz sentido a proposta alternativa ao nome de Jair Messias Bolsonaro como presidente para 2022/2026 para que não se corra o risco de continuar sob o governo genocida, que tripudia sobre a Constituição destruindo a economia.
Agora, porém, buscar alternativa ao nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como possível candidato à Presidência da República, sob a alegação de ser ele um risco à economia é uma brincadeira fora de hora. É a revelação inequívoca do ódio incrustrado na classe dominante contra os trabalhadores.
Quem, até por força de oficio, acompanhou o governo Lula, como presidente, 2003/2010, propor ou abraçar tal alternativa (3ª via), sob a alegação de ser ele risco à economia se eleito for, pode-se dizer ser mau caráter ou ter bola de cristal.
“Em 2010, Alan Mulally, presidente mundial da Ford, afirmou que, graças aos programas de incentivo do Governo Lula, foi possível ao País sair de forma efetiva da crise mundial. Durante a crise, a retração do PIB foi de apenas 0,2%, mostrando um resultado melhor que as grandes economias do mundo obtiveram.
Lula iniciou o governo com uma expansão modesta, de 1,1% em 2003. Teve seu melhor resultado justamente em 2010, após uma retração de 0,6% registrada no ano anterior. O segundo melhor resultado do PIB brasileiro nos oito anos de governo foi em 2007, com expansão de 6,1%. Em 2004, a economia cresceu 5,7%; em 2005, 3,2%; em 2006, 4%; e, em 2008, 5,2%.
Em 2007, o PIB nacional cresceu 5,4%, contra 3,8% no ano anterior. Foi a maior taxa de crescimento desde 2004, quando houve crescimento de 5,7%. O PIB per capita cresceu 4% e houve uma expansão da economia do país da ordem de 6,2% no mesmo período. A agropecuária foi o setor econômico que mais cresceu, com expansão de 5,3%. O setor industrial teve uma expansão de 4,9%, o setor de serviços, 4,7% e a construção civil, 5%.
O consumo familiar teve uma alta de 6,5%, devido, segundo o IBGE, ao crescimento da massa salarial real dos trabalhadores em 3,6% e ao aumento de 28,8% no crédito dos bancos para pessoas físicas. Em contrapartida, a despesa da administração pública teve um aumento de 3,1%. A partir da criação da Secretaria Nacional dos Portos, no dia 7 de maio de 2007, o governo passou a ter 24 ministérios, mais quinze secretarias e órgãos com status de ministério.
Em 2008, quando o aquecimento da demanda e da atividade econômica nacional já geravam preocupações para o cumprimento das metas de inflação e obrigavam o Banco Central a apertar a política monetária por meio do aumento da taxa básica de juros, a crise financeira mundial originada nos Estados Unidos atingiu o Brasil no último trimestre de 2008, levando o governo a implantar entre 2008 e 2009 um conjunto de medidas para conter os efeitos negativos no sistema financeiro. Como o primeiro semestre ainda havia apresentado um desempenho econômico forte, o PIB nacional terminou 2008 com uma taxa de expansão ainda relevante de 5,1%.”
Luiz Inácio Lula da Silva é risco, sim, se eleito. Porem, não para a economia como demonstrado pelos números. Mas, sim, à classe dominante que mais uma vez poderá ter como presidente o trabalhador, nordestino, cabra da peste, “sem escola”, filho de dona Lindu.
Quem as urnas eletrônicas apontarem, pelo TSE, não haverá choro nem vela e muito menos ranger de dentes. Tomará posse em 1º de \janeiro de 2023, afirma o ministro Luis Roberto Barroso, presidente do TSE. Sem brincadeira.
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Jose Maria Teixeira, professor