Cidade pretende abrir 10 km de ciclovias por ano

Propostas buscam estimular meios de locomoção não-motorizados – CRÉDITO: Reprodução/Internet

Com 326.578 veículos circulando por suas ruas, Piracicaba pretende implantar ciclovias e ciclofaixas num ritmo que, se cumprida a meta de 10 quilômetros por ano até 2024, multiplicará por sete a extensão até hoje implantada, de 6 quilômetros. Os números —e o objetivo ousado da gestão Luciano Almeida (DEM)— foram expostos pela secretária municipal de Mobilidade Urbana, Trânsito e Transportes, Jane Oliveira, nesta quinta-feira (23).

Propostas que buscam estimular meios de locomoção não-motorizados foram compartilhadas por representantes do Poder Executivo local e da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo) em encontro online promovido em conjunto pela instituição de ensino e pela Escola do Legislativo, da Câmara Municipal de Piracicaba.

Também nos planos da Prefeitura está a criação de ciclorrotas para o estímulo do turismo rural. Rose Massarutto, diretora de Turismo na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, informou que o governo trabalha inicialmente na implantação de cinco percursos: Horto Florestal de Tupi; Tanquinho; do Jupiá a Ártemis; da avenida Laranjal Paulista a Saltinho (SP); e Rota Tirolesa —que, entre todas, é a que mais está em estágio mais avançado.

A possível transformação desses caminhos em trajetos a serem explorados por ciclistas —seguindo um guia ou de forma autônoma— deve observar, de acordo com Rose, uma série de aspectos que estão sendo avaliados pela Prefeitura, como a instalação de sinalização turística seguindo padrão de cartilha do governo federal, com cores e dimensões específicas; a implantação de pontos de apoio; a consideração sobre a comunidade no entorno; e possíveis conflitos com veículos pesados.

A Esalq-USP também tem planos para desestimular o uso de veículos motorizados nos deslocamentos dentro do campus: estão previstos 7 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas —a etapa atual inclui 687 metros e R$ 472 mil devem ser empregados para prover a estrutura necessária— e a instalação de pequenas estações —com aspersor de água, painel fotovoltaico para carregar aparelhos eletrônicos, mobiliário e bebedouro— para estimular as pessoas a caminharem pelas vias.

Prefeito do campus, Roberto Arruda de Souza Lima disse que para levar a ideia adiante é necessário “enfrentar resistências”. “Precisa estar todo mundo inteirado do programa, do que está sendo feito, e esse conhecimento precisa ser disseminado”, afirmou o professor doutor em economia aplicada.

A vereadora Silvia Morales (PV), do mandato coletivo A Cidade É Sua, e o vereador Gustavo Pompeo (Avante) participaram do evento online, que fez parte da programação da Semana Integrada da Mobilidade de Piracicaba. Silvia é diretora da Escola do Legislativo e Gustavo, coordenador do Fórum de Educação para o Trânsito —ambos iniciativas da Câmara que colaboram com a organização da Simob.

O parlamentar comentou que, à frente do Fórum, tem recebido uma série de demandas relacionadas ao trânsito, mostrando que a atuação na área deve ser “conjunta e integrado”. “Se não tiver isso, não chegamos a lugar nenhum. As políticas públicas para mobilidade são feitas de forma perversa, de serem só aquilo. Como motoboy, sinto como o trânsito é perverso. Precisamos tirar esse estigma de política pública só voltada para o carro”, disse Gustavo.

Silvia defendeu a participação da população na cobrança por melhorias em mobilidade. “Para se tornar política pública, é importante o envolvimento de todos, pois a cidade é dinâmica e feita de vários atores: sociedade civil, poderes Executivo e Legislativo, comércio, equipamentos públicos. Não é fácil agregar todos e pensar numa política pública saudável, com mobilidade eficiente e sustentável. E a Escola do Legislativo tem esse papel de trazer essa discussão para a sociedade, de pensarmos juntos.”

O debate foi mediado pelo professor Hudson Pereira Carvalho, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, da USP, e contou também com a participação de Jonas Parissotto, membro do coletivo Mais Ciclovias. “Vivemos numa cidade em que a cultura do veiculo automotor está arraigada, extremamente perigosa ao ciclista”, lamentou o advogado especialista em direito público.

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