Preconceito (III) – Moral X Ética

Como a cultura se baseia na moral, especialmente a religiosa, é comum algumas pessoas não se perceberem preconceituosas por praticarem atos de caridade, filantropia ou outros. Em alguns casos gestos que denotam ‘amor ao próximo’ se prestam a mascarar o preconceito do próprio sujeito. Podem ter o efeito de expiação de seu pecado, e estão longe de ser dirigidos ao seu semelhante. Mas nem todos, obviamente. Ele é parte da essência humana. Devemos combatê-lo tendo sempre em mente que não é possível eliminá-lo.

Há na internet um artigo se propondo discutir o tema, mas parte de premissas maniqueístas e moralistas. Isso já basta para comprometer seu conteúdo (capítulo 5 do livro Renasce Brasil).

Segundo o autor “defensores de direitos humanos agem como defensores de ‘anomalias humanas’ deformam as palavras preconceito, amor, cultura”, etc. De forma insidiosa o autor sugere a homossexualidade e o feminismo como males sociais que devem ser eliminados. Não pára por aí, classificando as religiões como pagãs e não pagãs.

A questão não é se a avaliação do autor condiz ou não com a realidade, que por si já é questionável já que toda realidade é subjetiva. Mas que ao atribuir julgamento de valor às coisas o preconceito encontra sustentação à sua existência.

Um debate dessa envergadura deve se pautar pela ética, e não pela moral.

 

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“Não permito que nenhuma reflexão filosófica me tire a alegria das coisas simples da vida”. (Sigmund Freud)

 

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Há pessoas intensas, que amam e se apegam demais romantizando a vida, como eu. Outras são mais “secas”, racionais, o lucro fala alto, não podem “se sentir atrás”. Sofro por ser “o mais fraco”, prefiro ceder a incomodar. Preciso mascarar minha personalidade para lutar no sistema capitalista que me obriga à competição? Ou defender meus ideais e minha personalidade? Seria dolorido, mas não seria o mais sincero?

Ary, 20

 

Seu entendimento sobre ser forte ou fraco parece não se sustentar. Quando cedemos para evitar incômodos demonstramos ter mais recursos que o outro, incapaz disso. O que parece evidente é um conflito entre como você age versus como você gostaria de agir.

Talvez por não perceber muita correspondência de sua personalidade e seus ideais (que considera muito) no outro tenha surgido tais reflexões.

É preciso ousadia para tomar certas posições na vida. Ao notar que alguém faz isso, um misto de inveja e admiração do outro podem surgir. Dizer não nem sempre é uma tarefa fácil, mas muitas vezes imprescindível.

Aristóteles disse: “o homem é um animal político”. Manter boa política de relações é uma habilidade humana. Isso não quer dizer que você corrompeu a base de seus ideais ou deixou sua autenticidade de lado. Há tempo para dizer e tempo para calar, e isso não é deixar de ser sincero. O dolorido é consequência de sua percepção das coisas.

 

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