O que provocou a “maldição de São Vito”?

Alvaro Vargas

 

“São Vito” é a denominação da igreja católica romana, para um cristão martirizado em 303 d.C., durante a perseguição do imperador Diocleciano. No final da Idade Média, as pessoas na Alemanha celebravam a sua data festiva, dançando diante de sua estátua, originando a crençade que ele era o “santo padroeiro” dos atores, comediantes, dançarinos e epiléticos. O episódio que gerou a crendice “maldição de São Vito” (Revista Super Interessante, 4 de julho de 2018, citando: “A Time to Dance, a Time to Die: The Extraordinary Story of the Dancing Plague of 1518”, John Waller) se iniciou na cidade francesa de Estrasburgo, em julho de 1518. Uma mulher começou a dançar e a pular sem parar, por vários dias, até desmaiar, sendo conduzida para tratamento em um templo dedicado a São Vito. A história poderia ter sido classificada apenas como um caso individual de loucura, mas surpreendeu a todos devido ao aparente “contágio”, já que enquanto ela dançava, mais de 400 pessoas foram “afetadas”, dançandoem uma coreografia interminável. A maioria eramulheres, e esse episódio provocou amorte de dezenas de pessoas.As autoridades decidiram que a epidemia não era uma doença natural, mas uma maldição divina, enviada por um santo, originando essa superstição.

Embora não tenha sido um caso isolado, com eventos similares ocorrendo em outras cidades europeias, nenhum deles atingiu essa magnitude. Estudiosos tentaram sem sucesso, encontrar uma explicação científica para esse evento. Na medicina moderna, a expressão “mal de São Vito” tem sidoutilizado como referência à doença de Huntington, uma enfermidade neurodegenerativa. Mas, ela não serve de base para justificar a histeria coletiva que atingiu centenas de indivíduos simultaneamente, conforme ocorrido em Estrasburgo.Vários especialistas sugeriramque essas “dançomanias”, foram uma resposta catártica reprimida por estresse associado a pragas, fome e a peste negra, consequências de crenças religiosas nas quais as pessoas pediam favores divinos através da dança. Mas isso também não explicaria o fenômeno, pois muitos “dançarinos” desejavam parar de dançar, inclusive solicitando ajuda para isso. Portanto, agiam de forma involuntária.

Embora a situação de estresse, causada pelo sistema medieval que era imposto a classe social mais desfavorecida, tenha criado uma condição para esse evento, particularmente as mulheres, muito discriminadas, essa “dançomania”teve comocausaprovável uma obsessão coletiva, provocada por espíritos zombeteiros e perversos. Convivemos em dois mundos paralelos, espiritual e material, que interagem conforme a sintonia mental e condições propícias para que seja estabelecida. Como o número de espíritos é três vezes superior aos de humanos, estamos constantemente em contato com eles. Já na sua época, o apóstolo Paulo os identificou: “temos essa grande multidão de testemunhas ao nosso redor” (Hebreus 12:1-13). Os espíritos perturbadores, nada mais são que as almas dos homens que regressaram a pátria espiritual, mas optaram por perpetuar as mesmas iniquidades praticadas quando estavam encarnados entre nós. Apenas deixaram o corpo físico, e podem por um certo período, aproximar-se da população humana, desde que exista uma predisposição para a ocorrência desse fenômeno.

Conforme o espírito Manoel P. Miranda (Trilhas da Libertação, Divaldo Franco), “essa obsessão espiritualfaz parte do programa de provas e expiações terrestres, e momento chega, no qual cessa o livre-arbítrio individual (do obsessor) e se expressa a Lei. Toda liberdade tem limite e este é a fronteira do direito, da alheia liberdade, sem o que se abrem os fossos da libertinagem, do desvario”. De fato, Estrasburgo foi o último grande caso e até o final daquele século teriam sumido por completo a “dançomania”. No caso, além de atender o mecanismo da justiça divina em nosso programa reencarnatório, esse fenômeno serviu como um alerta para sociedade, a respeito da influência do mundo espiritual sobre nós.

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Alvaro Vargas, Eng. Agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

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