A dor nossa de cada dia

Natalia Mondoni

 

Semanas atrás, li em um livro muito interessante a seguinte frase: “Não existe hierarquia na dor. O sofrimento não deveria ser classificado, porque a dor não é um concurso.” De fato, ela me provocou uma reflexão, principalmente no que se refere ao mês em que estamos, que é o setembro Amarelo.

O setembro Amarelo surgiu em 2015 no Brasil, com o objetivo de ser um movimento que discute a prevenção do suicídio. E, quando falamos de suicídio, vemos de fato as estatísticas se renovando – e aumentando – todos os anos. Justamente por ser um tabu, houve a necessidade da implantação da campanha, para dar corpo e voz ao assunto.

E aí eu volto para a frase lá do inicio, pois parece que, quando falamos das nossas próprias dores, esse tabu também existe e nos sentimos censurados – e os censuradores, muitas vezes, somos nós mesmos, as nossas crenças e valores. Muitos de nós têm uma séria tendência a olhar para nossas dores e problemas como algo secundário, como algo menos importante. “Eu tenho tudo para ser feliz”, “Eu não tenho direito de sentir isso”, “Preciso ser forte, tem gente com problemas mais sérios”. Essas são perspectivas que, muitas vezes, nos fazem olhar sob uma outra perspectiva para os desafios que vão emergindo em nossa própria vida, mas também esconde uma linha tênue: diminuir ou ignorar a sua própria dor, sofrimento e problemas, nos faz depreciarmos o nosso valor. Muitas vezes estas dores nos fazem sentirmos perdidos, sozinhos. Ignorar estes sentimentos só nos faz adiar aquilo que é inadiável: resolver conflitos, pensar sobre o que nos acontece e, crescer. Viver melhor. Daí, a importância da discussão da saúde mental. Senão você, quem cuidará (por e para você) da sua saúde?

Portanto, mais do que nunca, que possamos olhar para nós com a mesma compaixão que olhamos para os outros e seus sofrimentos. Não para nos lamentarmos, mas para assumirmos uma postura de resolução e firmeza diante dos desafios da vida para, assim, continuarmos a nossa caminhada.

Vamos juntos?

Com carinho,

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Natalia Mondoni, psicóloga.

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