Prevenção: é preciso falar sobre suicídio

Psiquiatra Arthur Cardoso, da Santa Casa: “O preconceito faz as pessoas não buscarem ajuda” – Foto: Divulgação

No mundo, a cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida. Hoje (10), Dia Mundial para a Prevenção do Suicídio, serve de alerta para que esse assunto deixe de ser tabu e passe a ser explorado e divulgado com maior periodicidade, tendo como principal objetivo, salvar a vida de quem está com pensamentos suicidas. O alerta é da OMS (Organização Mundial da Saúde), que afirma ser possível evitar o suicídio. Segundo o órgão, a cada ano, são aproximadamente 800 mil pessoas que tiram a própria vida, sendo a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, todos os anos são 13 mil mortes dessa natureza. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.
De acordo com o médico psiquiatra do Sesmt (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) da Santa Casa de Piracicaba, Arthur Silva Mattos Cardoso, cuidar e ficar alerta à saúde mental é extremamente importante e o assunto tem ganhado mais atenção desde o início da pandemia, do distanciamento social e das pessoas deixarem de se socializar para não haver a proliferação do novo coronavírus.
No entanto, há ainda muita vergonha em pedir ajuda por parte das pessoas que passam por algum transtorno ou desequilíbrio mental. O fim do preconceito com doenças mentais, como ansiedade e depressão, é fundamental para a prevenção ao suicídio, aponta Cardoso. “O preconceito faz as pessoas não buscarem ajuda. Muitas vezes elas escondem a doença porque o amigo ou familiar vai interpretá-las como uma pessoa que é fraca, que deveria reagir, quando, na verdade, ela está adoecida”, salientou.
O psiquiatra defende que, ao diminuir o preconceito com essas doenças e o tabu sobre o assunto, as pessoas que passam por algum sofrimento se sentirão mais à vontade para procurar ajuda profissional e ter um diagnóstico adequado, prevenindo possíveis tentativas de suicídio. “Seja por razões religiosas, morais ou culturais, ainda há medo e vergonha em falar abertamente sobre o tema, que é um problema de saúde pública”.
Hoje, o principal objetivo é a conscientização sobre a prevenção do suicídio e um dos passos mais importante é saber identificar sinais emitidos pela pessoa que tem o desejo de se suicidar, e que nem sempre são muito explícitos.
O suicídio pode ser prevenido, e é possível que família, amigos e professores percebam que algo não está bem. Um dos sinais de alerta, segundo o Ministério da Saúde, está na alteração de comportamentos, entre eles, o isolamento, desinteresse pelas atividades que gostava, irritabilidade, falta de autocuidado, músicas e publicações mais tristes nas redes sociais e até discursos de que “a vida está mais difícil”. São sinais que devem ser observados pela família, porque esse momento é de intervir, de chegar perto e conversar sobre o assunto, orientar para que a pessoa busque uma ajuda e se oferecer para acompanhar.
No caso dos jovens, o psiquiatra da Santa Casa explica que o risco pode ser potencializado pelo uso de álcool e drogas, e nos mais idosos por questões como perdas de familiares, doenças crônicas e maior responsabilidade no provimento da família. O estresse causado pela pandemia de covid-19 também pode ser fator de risco para pessoas que já têm algum transtorno ou funcionar como gatilho para o aparecimento.
ONDE BUSCAR AJUDA

Em Piracicaba, você pode buscar ajuda nos seguintes locais: Amb. de Saúde Mental Vila Cristina: (19) 3402-3028 3413-4285; CAPs Bela Vista: (19) 3432-9964 / 3433-0312; Ambulatório de Saúde Mental Vila Sônia: (19) 3415-3343; CAPs Infantojuvenil: (19) 3434-4732 e 3426-3808. Todos esses de segunda à sexta-feira, das 7h às 17h. O CVV (Centro de Valorização da Vida) também realiza apoio emocional e de prevenção do suicídio, e atende todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, chat e-mail, 24 horas por dia, todos os dias da semana. A ligação para o CVV, por meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer telefone fixo ou celular.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima