José Osmir Bertazzoni
Hoje vamos iniciar nosso artigo falando um pouco sobre arte, já que a Pinacoteca e a Secretaria de Cultura do município são os temas predominantes no município, mas vejo que a ocorrência das Óperas-Bufas se dá mesmo nas sessões da Câmara de Vereadores durante a realização das sessões camarárias com personagens exclusivos que só Piracicaba possuí.
No passado tivemos muitas personagens marcantes, alguns pela intelectualidade, outros pela petulância, por cantadores populares, bêbados, jogadores de futebol, personagens folclóricas e até chances as diversidades ocorreram de forma legítima. Não digo que minhas próximas narrativas retirem a legitimidade do processo democrático que defendo, mesmo não concordando com seus atos e atitudes.
As ocorrências cômicas da “opera buffa” piracicabana se dão na voz e na imagem do patético vereador de extrema direita, vulgo “Tiririca Caipira” que são visíveis em suas manifestações toscas e burlescas e em sua personalidade caricata.
Já concluiu o nobre edil que Gisele Caroline Bündchen é o exemplo de sucesso da mulher brasileira, em outra ocasião que a mulher dele passava o fumo nele e, até em determinado momento, ao receber a solicitação de um aparte de uma vereadora respondeu “de novo, puts que pario” (sem tradução).
A arte da ópera-bufa se redefiniu até nos picadeiros com os palhaços circenses que carregavam um tubo de talco e, com um dispositivo de pressão, disparava flatulências em forma de fumaça alegrando as crianças que caiam em risos.
As óperas-bufas iniciaram-se no teatro e na ópera seria desde antes do século XVIII – retomou suas orientações no final daquele século como aberração, contrapondo ou satirizando famosos dramas e romances. Nasceu então esse gênero malicioso de crítica que veio a emergir como um gênero autônomo – pois todos já eram presentes na comédia clássica e na tradição da Commedia dell’arte.
Em consequência de seu prestígio no surgir do século XVIII, a ópera cômica ou bufa inaugurou-se como gênero autônomo de forma paralela e de performance antagônico à ópera séria reformada por Apostolo Zeno e Pietro Metastasio. A função da ópera-bufa na ribalta seria de um teatro profissional que passou a proporcionar um entretenimento com diversos temas, formas e tratamento mais acessíveis ao homem comum.
Algumas das mais conhecidas e importantes opere buffe são: Il trionfo dell’onore (1718) de Alessandro Scarlatti; La serva padrona (1733) de Giovanni Battista Pergolesi; Il governatore (1747) de Nicola Logroscino; Il filosofo di campagna (1754) de Baldassare Galuppi; La Cecchina (1760) de Niccolò Piccinni; Nina (1789) de Giovanni Paisiello; Il matrimonio segreto (1792) de Domenico Cimarosa; a trilogia de Mozart/Da Ponte; Il barbiere di Siviglia (1816) e La Cenerentola (1817) de Gioachino Rossini; L’elisir d’amore (1832) e Don Pasquale (1843) de Gaetano Donizetti. O gênero declinou em meados do século XIX, sendo que, até o surgimento do Palhaço Tiririca Caipira, Falstaff (1893) de Giuseppe Verdi considerada a última das grandes opere buffe italianas.
Hoje, no Brasil, em especial em Piracicaba, a ópera-bufa ocorre naquilo que deveria ser sagrado, na Tribuna da Câmara de Vereadores em todas as vezes que um patético edil que se auto denomina “extrema direita” ou “Liberal” recita seus encantos: “Il mio amato mito presidente dell’ozzio nazionale”.
Mas o povo ainda não teve acesso a tribuna livre para dizer o que pensa sobre seus representantes eleitos para o mandato popular usando o espaço que outrora fora designado aos oradores populares para defender seus ideais e cobrar do Poder Executivo e Legislativo reivindicações em um espaço amplo e democrático.
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José Osmir Bertazzoni (63) Jornalista e advogado