Pessoas inocentes podem morrer em uma desencarnação coletiva?

Alvaro Vargas

 

Conforme a visão espírita, a desencarnação coletiva não existe por acaso. Elas acontecem para proporcionar aos indivíduos as experiências relacionadas à sua necessidade evolutiva e de acordo com as leis divinas (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questões 737-741). Essas “tragédias”, fazem parte da lei de destruição (transformação), e são necessárias para o progresso espiritual da humanidade em seu nível evolutivo atual. Elas ocorrem através dos fenômenos naturais ou em “acidentes” causados por falhas humanas ou técnicas. Esses eventos, entretanto, não devem colocar em dúvida a misericórdia divina, que intercede sempre a nosso favor, atenuando os efeitos de nossos equívocos morais. Antes de reencarnar os espíritos decidem junto aos mentores espirituais a forma como devem desencarnar, e na época estabelecida, em cumprimento ao programa que foi estabelecido para o resgate coletivo, são “atraídos” para o local do evento. Só estarão no local, aqueles que necessitam passar por essa expiação. Depois do atentado terrorista do “World Trade Center”, ocorrido em Nova Iorque, em 2001, várias pessoas declaram que só sobreviveram porque se atrasaram para o trabalho por motivos banais, como o não funcionamento do carro, perda do taxi ou ônibus. Mas para as 2997 vítimas dessa tragédia, o destino foi diferente.

Um episódio de proporções menores, mas igualmente trágicas que marcou a aviação comercial brasileira, foi o desastre em 2004 com um avião da TAM. Conforme esclareceu o espírito Santos Dumont (O Voo da Esperança, Woyne Sacchetin), os passageiros daquele voo haviam servido como soldados romanos em existência pregressa, na Gália, em 58 a.C., onde cometeram muitas iniquidades. Essa informação escandalizou alguns familiares dessas vítimas, que chegaram a mover uma ação judicial contra a editora, visando, além de danos morais, a proibição da venda da obra literária. Esse inconformismo é compreensível, sobretudo, diante das revelações feitas nesse livro, envolvendo entes queridos que foram vitimados pela tragédia. Mas o que é importante destacar é que conforme a visão do Espiritismo, a desencarnação daquelas almas permitiu o seu regresso ao mundo espiritual quites perante as leis morais da vida. Outro evento com grande número de fatalidades, foi o “tsunami” que assolou a costa Indonésia em 2004, ceifando a vida de 227.898 indivíduos, atingindo aqueles que estavam comprometidos com as leis divinas (Transição Planetária, Manoel P. Miranda e Divaldo Franco). Entretanto, embora a morte possa ser igual para todos, a desencarnação (libertação da alma dos despojos humanos), depende do mérito de cada um; é ainda um processo doloroso para a maioria dos homens, devido à conduta moral equivocada.

Para os familiares, essas tragédias causam profundo sofrimento. Infelizmente, as religiões institucionalizadas justificam esses acontecimentos dizendo simplesmente se tratar da “vontade de Deus”. Mas isso não consola, causando a revolta em muitos daqueles que choram pela perda dos seus entes queridos. Felizmente, Jesus nos legou o cristianismo redivivo, o Espiritismo, que é o Consolador prometido (João, 14:15 a 17), reafirmando a imortalidade da alma e explicando a justiça divina através da pluralidade de nossas existências. Somos os responsáveis pelas nossas desditas, causadas pelas nossas ações. Deus é um Pai bondoso, e sempre nos permite saldar os débitos morais através do amor. Ele nos concede um tempo, que pode levar muitos séculos e várias experiências reencarnatórias. Pela caridade, que é o amor em ação, podemos atenuar a necessidade de uma expiação dolorosa, mas quando estacionamos em nosso processo evolutivo, sem eliminar os débitos morais, a alternativa para o nosso próprio benefício, pode ser a desencarnação em acidentes, enfermidades ou catástrofes naturais.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

 

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