Urbanização de favelas, mais qualidade de vida

Barjas Negri

 

Em que pese o dinamismo da economia piracicabana, que auxilia muito na geração de renda e emprego, nossa sociedade é muito injusta com muitos trabalhadores e famílias com baixa qualificação educacional e muito emprego informal, além do elevado nível de desemprego.

Essas famílias, que moram na periferia da cidade, em quase todas as regiões, precisam e muito dos serviços públicos municipais e, em especial, das redes de saúde, de creches, escolas de Ensino Fundamental, de assistência social, cultura e esportes. Por ter clareza deste diagnóstico investimos bastante na oferta desses serviços públicos em quase todos os bairros da cidade. Isso é medido pelos bons índices sociais que são refletidos no censo demográfico e nos órgãos públicos das esferas estadual e federal.

No entanto, há um lado que não é muito conhecido pelos empresários e a classe média da cidade, que é o forte processo de favelização, provocado por vários ciclos distintos: 1-) expansão da lavoura canavieira dos anos 1970 e 1980, que atraía para a cidade milhares de trabalhadores para o corte da cana e, terminando a safra, muitas dessas famílias ocuparam áreas públicas e privadas em condições inadequadas de moradia, sem infraestrutura e as próprias moradias sem condições de garantir o mínimo de qualidade de vida; 2-) sucessivas crises na economia com reflexo no aumento do desemprego de milhares de trabalhadores, provocando o surgimento de novas favelas; 3-) recentemente, com a pandemia e o consequente aumento do desemprego, mais centenas de famílias voltaram a ocupar nossas periferias.

Por nossa formação política e acadêmica e por compromisso público com o social, implantamos dinâmico plano de urbanização de favelas, com a implantação de infraestrutura urbana completa: redes de água e esgoto, instalação de energia elétrica, iluminação de ruas e avenidas e pavimentação asfáltica. Tudo para garantir a cidadania dessas pessoas e boa qualidade de vida às famílias.

Numa primeira etapa foram urbanizadas 25 comunidades de favela, que se transformaram em verdadeiros bairros, beneficiando 3.000 famílias, onde moram cerca de 12 mil pessoas. Cito como exemplos as comunidades do Algodoal, Esplanada/MAF, Jardim Glória, Tatuapé, Cantagalo, Vera Cruz, Taiguara, Jardim Maria Cláudia, Jardim Camargo entre outras. Destaco que todas essas ações contribuíram para reduzir o índice de mortalidade infantil.

Porém, em consequência da crise econômica de 2014/2016 e da pandemia (2020), novos núcleos surgiram e mais uma vez a Prefeitura se fez presente. Agora, com menos recursos tributários, essa urbanização foi parcial, mas atuamos em 10 comunidades de favelas, beneficiando, na 1ª etapa, quase 2.000 famílias, onde moram mais de 7.000 pessoas.

O plano de atuação nesses núcleos implantou redes de água e esgoto, energia elétrica e iluminação das ruas para a maior parte dessas comunidades e, em algumas, uma parte da pavimentação asfáltica, principalmente para facilitar o acesso das pessoas. No entanto, as novas comunidades localizadas em áreas particulares, onde moram cerca de 2.000 famílias, ainda precisam ser atendidas, tão logo resolvam-se as pendências jurídicas.

Esclareço que boa parte de todo esse trabalho foi coordenado pela equipe da Emdhap, com apoio do Semae, Semob, Procuradoria Geral, Ipplap, entre outras secretarias municipais. Portanto, é preciso saber um pouco da história e da política pública antes de simplesmente criticar a Emdhap, que tem um bom trabalho no apoio às famílias que moram nas favelas.

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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba  

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