A Lei das Palmadas (I) – Paradigmas

Antes da globalização a orientação paterna era bem definida na sociedade, o pai encarnava a lei, havia o certo e o errado. Honra e vergonha encontravam acomodação social, eram valores a se prezar. Com o relativismo moral da globalização o que era valor passou a ser des-valor.

Ao mesmo tempo há uma crescente preocupação do Estado em assegurar um desenvolvimento saudável às nossas crianças. Nessa esteira, em 14/12/11 (há quase dez anos) a Câmara Federal aprovou a lei que proíbe palmada nos filhos. Acho isso imprescindível, haja vista pais que descarregam neles suas frustrações.

Certa vez, em entrevista, perguntaram-me qual o melhor momento para se falar sobre sexo com os filhos. A questão e seus valores são relativos a cada família (morais, religiosos, etc.). Vejo a questão das palmadas de forma semelhante.

Que fique claro que não estou defendendo as palmadas. Entendo que cada família se desenvolve com fundamentos e princípios próprios. Uma palavra pode ferir muito mais gravemente que uma palmada moral, a destituída do sadismo que muitos tomam como argumento para defender seu posicionamento. Como falei nos artigos sobre homofobia, não aceito excessos.

Urge que encontremos soluções para os novos paradigmas sociais, mas o equilíbrio ainda me parece ser bem-vindo, e as particularidades de cada dinâmica familiar tem de ser respeitadas.

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“O caráter de um homem é formado pelas pessoas que escolheu para conviver”. (Sigmund Freud)

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Após 11 anos com uma pessoa 15 anos mais nova estamos separados há quatro. Tive a energia cortada, nome no SPC, dependi de amigos para sobreviver. Ele melhorava sua vida e eu amargava a saudade. Comecei um trabalho voluntário e uma ONG me ajuda. Minha mãe tem Alzheimer, mas sinto-me feliz, sem ressentimentos e só me comunico quando requisitada. Esse ano ele apareceu aqui com síndrome do pânico, mas no SUS disseram ser emocional. Depois que foi ao psiquiatra da mãe piorou. (ela já simulou suicídios). Ficou um tempo com uma tia, melhorou e quer reatar, (não agüenta a mãe, diz que nunca deixou de me amar, etc.), mas não quero.Essa insistência pode afetar minha integridade física? Vejo muitos casos na TV começarem assim. Porque me menospreza e depois buscam ajuda em mim?

Flávia.

 

O risco existe independente de tudo. O que é subjetivamente possível avaliar é seu grau, para ele chegar a cometer o ato. Mas sua questão trás elementos fortes. Além do histórico psiquiátrico da família, há o vínculo edípico como pivô. Depois de ir ao psiquiatra dela, fica pior e na casa da tia melhora. Aí quer escapar dela reatando? Ele busca soluções pelas beiradas, por isso insiste, sem contar os prejuízos que já lhe causou.

Tendemos a menosprezar o que temos à mão. Talvez ele a busque por saber que pode contar com seu lado humano, mas principalmente como sintoma da relação edípica.

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