Fragmentos Político-filosóficos: Em Tempos de Reconstrução Democrática

Adelino Francisco de Oliveira

 

O Brasil hoje tem dois temas inadiáveis: garantir comida no prato e vacinas para a população, combatendo a fome e a morte por covid-19. Pobreza indigente. Situação de vulnerabilidade extrema. Abandono social. Em 5 anos o golpe revela seus frutos podres. Esse é o retrato da barbárie. Aqui pessoas, animais, natureza todos sofrem com uma violência desmedida, perversa e sem nenhum sentido. O Brasil precisa ser reinventado!

A perversa realidade da fome voltou a assombrar o cotidiano de milhões de brasileiros. É urgente que sejam implementadas políticas públicas na direção de construir a soberania alimentar. Essa é a pauta primeira, fundamental, civilizatória!

A fome é a negação perversa e cruel do direito humano mais básico. O Brasil tem urgência de políticas públicas que garantam a segurança alimentar, avançando para uma concepção agroecológica e sustentável de produção de alimentos. Comer é um direito!

Com a pandemia as desigualdades sociais no Brasil foram escancaradas. O desafio histórico agora consiste em construir novas estruturas sociais, que contemplem as dimensões da justiça e do direito.

A morte de pessoas em situação de rua em decorrência do frio é uma realidade inaceitável, que violenta os direitos humanos em sua formulação mais básica. O poder público tem a obrigação de colocar em prática políticas públicas de prevenção e proteção social.

É sempre importante ressaltar que com o neofascismo não se pode tergiversar. É fundamental que a esquerda esteja alinhada, fortalecida para derrotar no primeiro turno o programa ultraliberal e neofascista.

O neofascismo só avança graças a cumplicidade da mídia comercial, que não divulga seu projeto de morte. O grande capital fez a opção pelo neofascismo, o custo disso para a população brasileira tem sido muito alto.

Neofascitas, racistas, homofóbicos, xenófobos, misóginos, demofóbicos tudo junto e misturado em um único governo, empenhados na implementação da necropolítica. O resultado tem sido dramático e desesperador para o povo: fome, miséria e morte.

Em momentos sombrios como o que o país enfrenta, a coragem da verdade (parresia) é a base de toda resistência. A força, a determinação e o contínuo compromisso de lutar por uma sociedade melhor, pautada na justiça e no direito, sem, no entanto, abdicar da ternura, da empatia e da leveza.

Caminhar juntos, na construção de uma sociabilidade alicerçada na justiça, no direito e na mais profunda liberdade, em uma cultura antirracista, capaz de superar todas as formas de exploração e opressão.

A violência do aparato policial contra as mobilizações do campo da esquerda está cada vez mais explícita e brutal. Essa violência ganha ainda intensidade pelo prisma do racismo e do ódio de classe. O país presencia, cotidianamente, ações de uma polícia antipovo e demofóbica. O Brasil precisa voltar a respirar ares de democracia.

Esse episódio deve suscitar o debate tanto sobre monumentos que exaltam opressões e também sobre a invisibilidade e apagamento de uma memória negra e indígena na cidade.

De repente toda mídia comercial passou a defender a urgência do retorno às aulas presenciais. Isso independente das condições objetivas impostas pela ausência de uma política pública adequada para o enfrentamento da pandemia. A pressão para se retornar às aulas presenciais tem impedido que o tema seja debatido de maneira crítica e com lucidez. O ponto insuplantável é que o país ainda está enfrentando uma gravíssima pandemia, que já ceifou mais de 550 mil vidas.

Cabe ao Estado implementar políticas públicas que possibilitem e garantam que todas as pessoas na sociedade tenham acesso aos direitos de cidadania, assegurados pela própria Constituição. Somente a iniciativa pública, atuando por meio de um Estado fortalecido, reúne as condições fundamentais para construir estruturas sociais comprometidas com a promoção da justiça, do direito e da sustentabilidade ambiental. A cidadania não é um bem de consumo, acessível apenas a quem possa pagar.

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Adelino Francisco de Oliveira, professor no Instituto Federal, campus Piracicaba; Doutor em Filosofia e Mestre em Ciências da Religião; [email protected] ; @Prof_Adelino_ ; professor_adelino

 

 

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