Combate bullying e racismo

Noedi Monteiro

 

Negrão termo importado de Portugal no século XVIII a corroborar a imigração italiana e espanhola para “negron”, preto, preta. Significa azeitona ou uva em Portugal e forma de tratamento em Gênova e Córdoba. Negrão passou a antroponímico no Brasil (Negrão de Lima, p. ex.). E toponímico Centro do Município de Goiânia (GO). É pejorativo, a designar mancha ou nódoa escura à etnia. Feminino nunca usado: Negroa. A cor da oliva para Luiz Gama (1830-1882) em Primeiras Trovas Burlescas: “Negra azeitona”.

Negrinho termo importado de Portugal no século XVIII significa “chouriço”. Pejorativo com esse sentido a etnia negra. Corrente de ferro para prender os escravos ironicamente: Negrinha. Populares: “Negrinho do Pastoreio” lenda gaúcha. “Negrinho da Beija-Flor” de Nilópolis (Luís Antônio Feliciano Marcondes). Negrinho da Marmita (Geraldo Filme de Souza, 1927-1995), compositor, cantor, ícone do samba paulista. Entregava marmita na infância para a pensão de sua mãe. Neguito (Orlando Antônio de Campos, 1929-1976). Carnavalesco de Piracicaba, SP. Neguita feminino. No seio familiar “meu negrinho”, “minha negrinha”. Corruptelas de negro, negra. Se adjetivados, estereótipos. Pejorativo. Insultuosa a associação da etnia negra à “Negrita”. Cachaça em Alagoas. Os Congos, Congada ou Congado são chamados de “Pretinhos do Congo”. Pretinho adjetivo diminutivo de Preto.

Nego. Feminino: nega. Estereótipos: “negada”, “negadinha” termos depreciativos ao grupo étnico. Negão. Feminino: negona. Aumentativo de nego. Corruptelas de negro. José Antônio de Souza (1948-1992), o Zé do Prato. Locutor de rodeios consagrado como: “Negão Apaixonado”.

Preto para africano. Pardo, miscigenados. Tocante a questão no censo brasileiro de 1872. Pardo vira mestiço a partir de 1890 a retornar em 1940. Homem ou pessoa de cor (no século XVIII associado a escravo). Crioulo, coloured outras definições. Vicente Ferreira militante da causa identifica e diferencia na década de 1930, o negro como cor. Para o censo de 1991 do IBGE há branco, pardo, amarelo (asiático) indígena e preto (cor de pele). Negro para questão racial. O estatuto da igualdade racial lei n. 12.288/2010 no artigo 1º inciso IV unifica preto e pardo como negro. Representa 54% da população brasileira. O Pequeno Dicionário Popular da Língua Portuguesa, de 1938, abona escravo, para o termo negro. Raphael Bluteau (1638-1738) no Vocabulário Português e Latino, 1712-1721, vol. 6, p. 727 como Antônio Moraes e Silva (1755-1824) em 1789 (dic. vol. 2, p. 500) abona preto como escravo ou cativo, “servus níger”. Fonte latina replicada nos léxicos das Américas. Nigger insulta os negros nos EUA a preferir-se o Black.

Em Till, José de Alencar (1829-1877) caracteriza a cútis negra como “negrume”. Ausência de luz, trevas, tristeza, sujeira, melancolia, funesto, encardido. Qualidade ou estado do negro (etnia) assim dicionarizado. Sinônimo, “negrura”, “negridão” (como cor do negro). Bluteau abona negro como tinta negra, infausto (triste, desgraçado, carvão apagado para Antônio Silva), desgraciado, a chamar de negro o enfado, a moléstia, o entristecer que nos acomete. Negregado. Negativismo relacionado: câmbio, dia, humor, ponto, destino, futuro, mercado negro. Negro estado de espírito. Sorte, lista, magia, viúva, peste, ovelha, besta, asa, página negra. Caixa, faixa-preta. Com a abolição, o Conselheiro Antônio Silva Prado (1840-1929) cunha “negra ingratidão” a debanda dos escravos das fazendas.

Kimbundu: Preto de Angola. Bundo: Negro de Angola. Identidades bantus contemplativas no Brasil.

Homenagem à Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), ONU.

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Noedi Monteiro, professor aposentado, mestre em educação, escritor, jornalista, ativista de estudos afro-brasileiros, membro do IHGP

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