Francys Almeida
O presidente Jair Bolsonaro (partido?) anunciou que “a sua vontade” é indicar o Advogado Geral da União, André Mendonça — “terrivelmente evangélico”, se é que é possível o cristianismo aceitar esses termos —, como o futuro ministro do STF, ocupando a vaga de Marco Aurélio de Mello. Esse anúncio oficial e o encaminhamento do nome de Mendonça ao Senado Federal devem acontecer na segunda quinzena de julho, mas Bolsonaro já bateu o martelo.
Bolsonaro finalmente cumpriu a promessa de indicar não só um nome “terrivelmente evangélico”, mas também alguém que, como ele disse no mês passado, pudesse “tomar cerveja comigo”. Pois Mendonça, como bom presbiteriano, apesar de pastor, costuma dizer que bebe cerveja (sem demérito por isso).
Mas a indicação de Mendonça é a tampa que faltava ao caixão de Sérgio Moro, odiado pela esquerda lulista e inimigo dos bolsonaristas, por tentar derrubar o “mito”, quando ele interferiu na Polícia Federal.
Um fim melancólico para um ex-juiz, que se engodou em carreira política, tornando-se ministro da Justiça, mas, na verdade, um vassalo do Palácio do Planalto, que, quando pensou em ser independente, se deparou com a realidade. Ninguém nunca gostou de Moro, alguns apenas apoiaram seu papel de “caçador da corrupção dos outros”, tendo em vista sua ligação com tucanos, além de “ser a mesma coisa que Bolsonaro”, como afirmou sua digníssima esposa em entrevista a uma revista nacional.
Omar Aziz usou na CPI um bordão que meu avô sempre diz e cabe muito bem ao ex-juiz Sérgio Moro: “Chapéu de otário é marreta”. Há dois anos, era um semideus, idolatrado, hoje se tornou para todos os espectros políticos, o que sempre foi em sua essência: um juiz de exceção que burlou a Justiça, para se promover em busca de uma vaga no STF.
Sim! Todos sabíamos que a ida de Moro para o Ministério da Justiça só se justificava com essa indicação. Bolsonaro não só driblou bem Moro, deu um olé, como acabou com a Lava-Jato, afundou no ostracismo o ex-magistrado e sepultou seu nome, dando, aos abutres da política, seu legado para ser instrumento de degustação.
O Brasil não é para amadores! Petistas e bolsonaristas comemoram. Ou alguém mais?
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Francys Almeida, bacharel em Direito, síndico profissional, militante partidário (PCdoB) em Piracicaba