Tatuapé: bairro de fato e de direito

Barjas Negri

 

A comunidade do Tatuapé sempre teve boas e importantes lideranças que trabalharam na associação de moradores e nas comissões de bairros. As ações sempre foram coletivas, em busca de melhorias para a área que nasceu irregular e sem infraestrutura urbana.

Quando exerci o cargo de secretário municipal de Planejamento (1995/96), lá não havia iluminação pública. As pessoas conviviam com a escuridão e a insegurança generalizada. Lembro-me do Waldir “Garçom” Martins, servidor público, que foi presidente da associação e lutou muito pela iluminação, conquistada na gestão do prefeito Mendes Thame.

Depois, vieram novas diretorias combativas, que continuaram lutando e pressionando a Prefeitura para realizar investimentos em infraestrutura e na área social.  Nos últimos anos, a líder social Salvina Nunes, juntamente com Cícero Bezerra da Silva têm se destacado pela defesa dos moradores e pela realização de importantes ações sociais em parceria com empresas, entidades e Administração municipal.

A partir de 2000, o Tatuapé começa a ter maior participação nas ações da Prefeitura. Foi implantada a Unidade de Saúde da Família (USF) em um prédio alugado em 2001, uma conquista fundamental. A pavimentação asfáltica foi viabilizada pelo prefeito José Machado, que conseguiu 80% do valor junto ao governo federal e os demais 20% foram liberados pela Secretaria de Habitação do Estado, quando de minha gestão.

A sua execução, mais a infraestrutura – asfalto e galerias pluviais, aconteceu nos primeiros anos da nossa gestão como prefeito. Com isso, a paisagem urbana do Tatuapé foi alterada e seus moradores deixaram de conviver com o pó e com a lama, refletindo em mais saúde para todos.

A partir daí, tudo fica mais fácil e chegam as conquistas do centro de lazer, do campo de futebol, academia de ginástica e o centro comunitário. Mesmo assim, estava pendente a demanda da creche, a sede própria da USF e a regularização fundiária para que todos tivessem as escrituras de seus imóveis.

A creche e a USF estavam inviabilizados por falta de terreno, até que as lideranças indicaram uma área da rua Godofredo Bulhões Ferreira Carvalho, de propriedade da Emdhap, reservada para novas unidades habitacionais.

Ciente do problema e da demanda social, tomamos a decisão de desapropriar a área da Emdhap para que a Prefeitura pudesse ali construir a creche e a USF. Num primeiro momento, elaborou-se o projeto de construção, colocando parte dos recursos no Orçamento. Depois, veio a licitação e o contrato de construção para creche que terá capacidade de atender cerca de 150 crianças de 0 a 3 anos.

Por dificuldades empresariais, a construtora levou a obra em ritmo lento, ultrapassando o prazo contratual até sua total paralisação neste ano. A Prefeitura entrou na Justiça que determinou à empresa retomar e concluir o contratado.

Em relação à Unidade de Saúde da Família, a Secretaria Municipal de Obras fez o projeto do prédio e colocou parte dos recursos no Orçamento 2021. Numa articulação do então secretário de Saúde, dr. Pedro Mello, com a diretoria da associação de moradores, conquistaram com o deputado Roberto Morais uma expressiva emenda de R$ 1 milhão, suficiente para a construção da Unidade, em substituição ao prédio alugado que já não atende a população de forma satisfatória.

Com boa vontade e planejamento municipal é possível concluir a creche neste ano e iniciar, no segundo semestre, a construção da USF. Em paralelo, na nossa gestão à frente da Prefeitura também demos uma atenção especial à regularização fundiária. A Emdhap, com apoio de outras secretarias, criou uma força-tarefa para dar prosseguimento a vários processos, como do Tatuapé. Esse o processo, que foi concluído nesta semana, deu entrada no cartório em meados de 2020, beneficiando 446 famílias que terão as escrituras definitivas de seus imóveis.

Neste ano, todas as demandas do Tatuapé estarão sendo atendidas. Eles terão infraestrutura completa, com os principais equipamentos sociais instalados e com a obtenção da escritura definitiva dos imóveis. O Tatuapé que era um bairro de fato, tornar-se-á um bairro também de direito.

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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba

 

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