Com origens ibéricas que remontam ao período de nossa colonização, as Festas do Divino Espírito Santo fazem parte da cultura e da história do Brasil. Realizadas em diversas cidades de nosso país, em Piracicaba, ela foi celebrada pela primeira vez no ano de 1826.
Patrimônio imaterial da cidade, ela tradicionalmente acontece anualmente na primeira e segunda semanas do mês de julho, e conta com a celebração de missas, procissões, festejos, a tradicional derrubada dos barcos e o encontro das bandeiras, nas águas do rio Piracicaba.
Antecedendo a festa, no domingo de Pentecostes, as bandeiras vermelhas – que levam em riste a pomba branca simbolizando o Espírito Santo-, são entregues aos devotos da Irmandade do Espírito Santo, que as conduzem para os mais diversos cantos da cidade, sempre acompanhadas de cânticos e de orações.
Na tarde de terça-feira (29), a Câmara Municipal de Piracicaba recebeu a visita da bandeira oficial da Festa, empunhada com orgulho pelo casal Elisete Franco Bueno e Marco Antônio Franco Bueno, festeiros do Divino nos anos de 2020 e 2021, e por Virgílio Carrara, coordenador religioso da Irmandade do Divino de Piracicaba.
Acompanhados do vereador Pedro Kawai (PSDB), que foi quem intermediou a vinda da bandeira para a Casa, eles passaram pelo Plenário Francisco Antonio Coelho, por departamentos e foram recebidos nos gabinetes dos vereadores que assim o desejaram.
“Se não me falha a memória, essa é a primeira vez que a bandeira do Divino visita as instalações da Casa”, diz o parlamentar, que acrescenta: “para a casa é muito importante porque nós recebemos um marco da nossa cidade, um marco da fé de Piracicaba, que é a bandeira do Divino. O Estado é laico, a gente sabe disso, mas a nossa profissão de fé é sempre válida em todos os momentos, ainda mais em um momento difícil como o que nós estamos vivendo hoje”.
Marco Antônio, que conduziu a bandeira por diversos locais públicos e privados da cidade, diz ser “gratificante estar aqui na Câmara, pois aqui é o pulmão, o coração da nossa cidade”, e lembra a proximidade da Casa com a Igreja São Benedito e a Catedral de Piracicaba, importantes marcos da religiosidade católica da cidade.
De forma semelhante, Elisete também não esconde a devoção que sente, e diz que “o Espírito Santo representa tudo em nossa vida”, e pede por orações, principalmente para aqueles que perderam entes queridos ou que estão padecendo por conta da pandemia.
A FESTA
Virgílio Carrara diz que tudo começou na cidade, em 1826, quando “marinheiros levavam comida e remédios para os ribeirinhos através do Rio Piracicaba, e junto deles ia a bandeira do Espírito Santo”. Com o tempo, as músicas, as queimas de fogos, os sorteios e as comidas tradicionais foram incorporadas à tradição, criando uma festa não apenas religiosa, mas popular.
Devido à pandemia, desde o ano passado, apenas a parte religiosa da Festa do Divino está sendo realizada, e mesmo assim com restrição de público: “nós podemos colocar no máximo 100 pessoas no salão da Irmandade do Divino”, lembra Virgílio.
CALENDÁRIO
De acordo com calendário divulgado pelas redes sociais da Irmandade do Divino Espírito Santo de Piracicaba, a festa acontecerá, no Salão do Divino, atrás do Largo dos Pescadores, na Rua do Porto, nos seguintes dias: 04/07 (domingo) – Missa e Derrubada dos Barcos; 05/07 (segunda-feira) – 1º Dia do Tríduo; 06/07 (terça-feira) – 2º Dia do Tríduo; 07/07 (quarta-feira) – 3º Dia do Tríduo; 10/07(sábado) – Encontro das Bandeiras e Missa; e 11/07 (domingo) – Missa e Passagem da Bandeira do Divino
DICA DE LEITURA
Para saber um pouco mais sobre as origens da Festa do Divino de Piracicaba, uma sugestão de leitura é o livro “A festa do Divino Espírito Santo de Piracicaba”, publicado em 2012 em pelo IPPLAP (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba).