João Salvador
Não se trata do personagem bíblico acometido pela lepra — hanseníase — que fora marginalizado pela sociedade da época, cuja doença era considerada uma maldição.
Refiro-me a um sujeito de predicativo escabroso, que está sendo caçado por uma megaoperação policial, por chacinar uma família nas cercanias de Brasília e cometer outros diversos crimes brutais em seguida, sob espantosa frieza.
Esse Lázaro é assassino, sequestrador e estuprador, que, por sorte, caiu nas graças dos que orbitam dentro da esfera vermelha, com a mais sórdida maneira de protegê-lo e enquadrá-lo como nova vítima, a que tinha tudo para ser do bem, não fosse a razão deletéria de nossa sociedade.
Como de costume, para boa parte da população, os assassinados por esse tipo de maníaco, não existe tanta relevância, o que importa é vitimizá-lo. Para as “feminases”, as mulheres estupradas apenas tiveram o azar de cruzar o caminho do “mateiro”. Sim, o caminho de um carente de carinhos, que vive mendigando pelas condições de gente e age apenas pela necessidade de atenção.
Os que clamam para que a polícia não o mate diante de um confronto são os mesmos que contrapõem ao armamento civil, deixando sempre o cidadão à mercê de bandidos. Tudo o que há de nojento e podre tem o dedo da hipocrisia.
Além de assassinar a família, o marginal continuou a invadir chácaras e fazendas, assaltando, roubando e estuprando mulheres, sem deixar rastros. Em 2008, matou a queima-roupa, um pai que tentava impedir o estupro de sua filha adolescente. Ficou dez dias sumido numa mata da região. Entregou-se, mas fugiu pouco tempo depois, o que significa que esse satânico já esteve em poder do Estado, porém foi incapaz de mantê-lo sob custódia.
Pelo histórico de delinquência, Lázaro não terá condições de viver em sociedade. Não existe a pena de morte e nem prisão perpétua no Brasil para esses casos. Ele não tem recuperação, é detentor de uma psicopatia extrema.
Pela nossa lei que chega no máximo a 30 anos de prisão, mesmo se preso todo esse período, certamente, ao sair, usaria seus mesmos instintos bestiais e perversos novamente. Ninguém muda um assassino em série ao dizer que foi uma influência do meio em que vive. Os que pregam as chances de recuperação, como as entidades de direitos humanos, nunca socorrem as vítimas. O caso dele não é problema moral, é orgânico, de uma patologia incurável, extremamente egoísta, incapaz de ter uma empatia seja com quem for. É privado de emoções, porém, diferentemente de um animal, é um ser humano que tem consciência de seus próprios atos, do certo e do errado, tanto é que quando cometeu suas atrocidades, fez às escondidas, com a certeza da punição. Sua razão se extravasa nos impulsos malignos, seus sentimentos de culpa são suas verdades convenientes.
Sua conduta assume o poder de extrapolar seus instintos perversos, sem qualquer senso de humanidade. Enfim, o que fazer com um animal instintivamente descontrolado, em meio à sociedade, causando lhe sérios riscos? Lança-se um dardo anestesiante ou fuzila? Um animal não é mau, age pelos seus instintos de defesa. No caso do Lázaro, para muitos, basta juntar suas pernas em um nobre caixão e acomodá-lo numa “vala do pé junto”, antes que sobrecarregue, ainda mais, o nosso erário. Isso pode afugentar qualquer narrativa ao contrário de minha opinião explícita. Com bandido contumaz não existe acordo. Dai-lhe o que bem merece. Não se glamouriza uma insanidade.
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João Salvador, biólogo