Professora Bebel
O anúncio feito nesta quarta (16) pelo governador João Doria e pelo secretário da Educação, Rossieli Soares, de que pretendem o retorno às aulas presenciais de 100% dos estudantes em agosto nos causa enorme preocupação.
Mais do que ninguém, sabemos que o local da aprendizagem é, por excelência, a sala de aula. Sabemos também que em algum momento haverá o retorno às aulas presenciais. Entretanto, isso deve se dar com a vacinação completa dos profissionais da educação e com a adoção de todas as condições sanitárias para o controle da pandemia.
Em agosto não estará completa a imunização de todos os profissionais da educação com a segunda dose da vacina, pois são variadas as vacinas aplicadas. Se, no caso da coronavac, o intervalo entre a primeira e a segunda doses é de 15 dias, no caso da Pfizer e da Astrazeneca, por exemplo, esse intervalo é de 3 meses. Devemos considerar ainda que estudos apontam que a imunização completa se dá após 15 dias da aplicação da segunda dose.
Também é preciso considerar que, de acordo com pesquisa recente, parte considerável das escolas públicas não apresenta as condições para uma volta segura. Será preciso pensar soluções, seja por meio de reformas e adaptações, seja buscando-se alternativas para as salas de aula que não ofereçam condições para aulas seguras. A redução do número de estudantes por sala de aula também precisa ser adotada.
O secretário reconhece que o déficit de aprendizagem provocado pelo período excepcional que vivemos – seja por dificuldades de acesso à internet, seja pela própria natureza do ensino a distância – levará pelo menos três anos para ser recuperado. Temos a certeza de que que haverá, para tanto, mutirões, contratação de mais professores, ofertas de aulas de recuperação em período diverso daquele frequentado pelo estudante e outras providências. O retorno às aulas presenciais requer, portanto, um planejamento acurado, que vai muito além de um simples anúncio de que isso ocorrerá em agosto.
Sem ouvir os pais, os estudantes, os professores e demais profissionais da educação, esse retorno pode ser um tiro no pé. Os pais precisam ter segurança de que seus filhos não serão contaminados, os estudantes têm que estar convencidos de a volta às escolas públicas é segura, os professores e demais profissionais devem ter todos sua segunda dose da vacina, o retorno às aulas presenciais possa de dar da forma segura e não seja apenas um anúncio.
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Professora Bebel, presidenta da Apeoesp, deputada estadual pelo PT