Vanderlei Zampaulo
Era sábado pela manhã quando recebi a triste notícia do falecimento do colega Valdemar Correr, que acabava de perder a vida na batalha contra a Covid-19. Particularmente, a morte do colega Valdemar Correr simboliza a minha primeira perda de alguém bastante próximo para esse vírus, que diariamente vem matando milhares de brasileiros que, certamente, tinham muito mais expectativa de vida, seja nas suas ações políticas ou ao lado da sua esposa Simone e dos seus filhos Gabrielle e Rafael, sem contar os seus pais, que na sua despedida falaram do quanto era carinhoso com todos.
Conheci Valdemar Correr há cerca de 30 anos e ao longo de toda esta jornada, pelo que acompanhei, se pautou como um abnegado lutador, do tipo que busca a construção de uma sociedade melhor para todos, mas especialmente para os que menos tem. Sua militância seja na defesa dos professores, da comunidade de Santana e Santa Olímpia e ou no Conselho Municipal de Saúde consolidou seu nome como uma força viva da cidade, tanto que, nas eleições municipais do ano passado, recebeu votos que lhe garantiram a primeira suplência do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara de Vereadores de Piracicaba e sabia que, muito mais experiente, chegaria muito mais longe nas próximas eleições.
Faço menção a todo esse legado construído exclusivamente pela determinação e compromisso de Valdemar Correr para dizer que a Covid-19 pode atingir a todos nós e ser fatal para quem menos imaginamos. O seu afastamento só fortalece a necessidade de que não podemos baixar a guarda para o coronavírus, um vírus implacável que mata sem piedade e que pode interromper projetos e sonhos, como do companheiro Valdemar Correr, que não escondia sua satisfação em integrar o mandato popular da deputada estadual Professora Bebel, sabendo também que poderia fazer muito mais pela sua comunidade que há décadas vem lutando por uma atenção devida do Poder Público Municipal, que inclusive não respeitou os apelos e manifestações daquelas comunidades ao longo de todo ano passado contrário à instalação da praça de pedágio na SP-308, na altura do km 182, que bloqueou até a vicinal que dá acesso aos bairros de Santana e Santa Olímpia, uma conquista ainda do início dos anos 90 que se exauriu.
Nas conversas que tínhamos, seja pessoalmente ou por longos telefonemas, falávamos das ações do mandato e dos desdobramentos da política local, me chamando carinhosamente de “Zampa”. Diversos colegas em comum me mandaram mensagens lamentando a sua morte, não para menos, mas porque Valdemar era com todos como sempre foi comigo, educado, gentil e sempre disposto à luta, uma referência. Lembro-me que as nossas conversas sempre foram marcadas por muito entusiasmo e na certeza que estávamos numa longa travessia, e que muito ainda viria pela frente.
No entanto, assistir ao seu sepultamento, no início da tarde deste último sábado, no Cemitério da Vila Rezende, em rápida cerimônia restrita a familiares e amigos, me deixou muito triste e mais certo do que nunca que temos um desafio muito grande, que é não baixarmos jamais a guarda para o coronavírus, e ataca-lo com a vacinação para imunização em massa da sociedade, também implorada pelos que lá compareceram para dar o último adeus ao companheiro Valdemar Correr. Valdemar, presente!
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Vanderlei Zampaulo, jornalista