Pedro Kawai
Foi-se o tempo em que o Brasil protagonizava o debate sobre a política ambiental no mundo. Em 1992, o Rio de janeiro sediou o maior evento global sobre o tema, até então: a Eco-92, um marco histórico sobre a importância do desenvolvimento sustentável, na forma de uma conferência mundial que reuniu 178 representantes e Chefes de Estado dos países membros das Nações Unidas. Vinte anos mais tarde, a Rio+20 trouxe um balanço das ações implementadas nessas duas décadas e a missão de se reafirmar o compromisso político do planeta para as próximas gerações.
Hoje, infelizmente, as manchetes relacionadas ao meio ambiente no Brasil, são desalentadoras e, porque não dizer, vergonhosas, à medida em que se tem o nome da maior autoridade ambiental do país envolvido com suposta exportação ilegal de madeira da Amazônia; notícias sobre o aumento do desmatamento; queimadas de grandes extensões de floresta nativa para dar espaço ao agronegócio; ocupação desordenada do espaço urbano; destruição de nascentes; poluição e assoreamento de rios; entre outros sérios problemas, diagnosticados por um estudo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que aponta problemas em 90% dos municípios brasileiros.
Piracicaba também tem os seus problemas ambientais, mas há que se reconhecer o enorme esforço do Poder Executivo em enfrentar essa questão com coragem e determinação, sempre amparado pelo apoio estratégico da Câmara de Vereadores que, através de seus membros, apresenta projetos de lei e traz o tema para o debate público, como o SIMAPIRA 2021 (Semanas Integradas do meio Ambiente de Piracicaba), evento coordenado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, realizado por vários setores organizados da nossa cidade.
Na contramão do descaso, Piracicaba foi, esta semana, tema de reportagem especial do Globo Rural, destacando a centenária Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” e o nosso polo de alta tecnologia no agronegócio que se tornou conhecido como Vale do Piracicaba (uma alusão ao Vale do Silício, nos EUA, referência mundial em tecnologia da informação). No Parque Tecnológico, uma das tantas heranças dos governos anteriores, estão reunidas dezenas de startups, as AgTechs, responsáveis pela produção de soluções e de conhecimento científico no setor. Em outras palavras, somos uma referência nacional em biotecnologia, pesquisa e inovação aplicadas ao meio ambiente.
Não bastassem tais iniciativas, nossa cidade possui uma série de programas e projetos como o Plante Vida que, desde que foi criado em 2007, já promoveu o plantio de milhares de árvores na cidade; o Programa de Compensação Ambiental que, agora, ganha o apoio da ESALQ, para incentivar a preservação de áreas pelos próprios produtores rurais; o Parque Memorial 2020, criado no ano passado para homenagear as vítimas fatais da Covid-19 com o plantio de uma muda para cada vida; propostas de implantação de parques lineares; ações ligadas ao Consórcio PCJ e Comitê das Bacias; entre tantas outras realizações da iniciativa privada e do Terceiro Setor.
Mas cabe lembrar que a temática ambiental não pertence apenas aos poderes constituídos. Ela deve ser incorporada em nossa cultura e na consciência de que as nossas atitudes impactam diretamente na vida da nossa comunidade. O entulho jogado às escondidas em terrenos baldios, o uso indiscriminado de água, a queima clandestina de mato, o lixo que se joga nas ruas etc., são exemplos de uma prática condenável que só através da educação e da informação qualificada será possível de se combater. E, com certeza, esse bom combate deve ser a tônica dos próximos anos para todo o gestor público que tem a capacidade de enxergar o seu município a médio e longo prazos.
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Pedro Kawai (PSDB), vereador em Piracicaba