O abusado filho das trevas

José Maria Teixeira

 

Há no Brasil atual um filho das trevas atuando fortemente como presidente. Num curto espaço de tempo está destruindo o que levou anos para ser construído. O melhor dizendo ainda em construção. Mesmo porque uma nação democrática não nasce pronta e, sim, é construída ao longo do tempo. Brasil colônia; Brasil império; Brasil república democrática. Para melhor entender o estrago do filho das trevas, basta observar que as diretrizes de suas decisões passam ao longe das normas constitucionais para assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais assentados na constituição cidadã de 88. Ele é tão abusado que antes de achacar o poder,  se mostrou a que vinha revelando o seu projeto: “destruir o Brasil pela morte”. Suas armas, o ódio e o negacionismo.  Seu lema “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.

Até então, aceitem ou não, foi apoiado por muitos bispos, padres e pastores  que, conhecedores do plano de Deus e comprometidos com Ele, se omitiram ao não esclarecer aos seus fiéis que Deus ama também negros e índios e quer a preservação da natureza como a floresta amazônica, bem do Brasil e do mundo. Poderia ser que não, mas estes lhe deram a vitoria.

A narrativa bíblica fala de quão abusado e ardiloso é o filho das trevas. Entre tantas outras tentativas de seduzir o filho de Deus do alto da montanha mostrou-lhe todo reino e disse lhe: “Tudo isso lhe darei se  prostrado me adorares”. Ao que respondeu o Filho de Deus: “vade retro Satanas”, isto é, sai daqui.

O drama é quem, neste Brasil, vai dizer com autoridade ao Sr. Jair Messias Bolsonaro, presidente, filho das trevas: vade retro, isto é, retire-se? Por tudo o que já ocorreu e está ocorrendo. Sua saída urgente notada até pela imprensa internacional está legalmente prevista para 31/12/2022. Até lá, o seu projeto de destruição se aprofunda com centenas e milhares de mortes e degeneração aceleradas das instituições garantia do estado democrático de direito.

A verdade é que não há como não configurá-lo filho das trevas quando tudo, de uma forma ou de outra, em qualquer instância, converge a seu favor. O Superior Tribunal Eleitoral (TSE), no período eleitoral, quebrou normas claras impedindo a candidatura de um pretendente, ainda que sub judice, poderia derrotá-lo.  Em outro momento, no Supremo Tribunal Federal (STF), quando decidia sobre a concessão de habeas corpus a um cidadão que, se candidato fosse à presidência, suplantaria o já filho das trevas, Sr. Jair Messias Bolsonaro.

Pois bem, nessa ocasião, surge no STF o verde oliva general Vilas Boas, e o habeas corpus não foi concedido. Em todas as ocorrências, o filho das trevas foi favorecido. Se houve ofertas compensatórias ninguém sabe, ninguém viu. O que houve e há, e ninguém pode negar, por ser do conhecimento público, são as capitulações. Homens revestidos constitucionalmente de poder que juraram solenemente cumprir a Constituição, na verdade, tripudiam sobre ela.

O que dizer dos crimes comuns e de responsabilidade cometidos pelo presidente até então em aberto?! O que dizer das dezenas de pedidos de impeachment na Câmara e no Senado, sem exame de um sequer?! O que dizer de uma CPI negada pelo congresso e imposta pelo Judiciário sendo, para alguns dos depoentes, o palco do festival da mentira em defesa do presidente filho das trevas, o Sr. Jair Messias Bolsonaro?! O que dizer do alto comando do Exército Nacional quebrando a disciplina, espinha dorsal da instituição, ao aceitar as explicações do general da ativa, Eduardo Pazuello, por ter participado de evento político,em 23/05/2021 em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, o que é proibido pelo  exército e passível de punição.

Pazuello, porém, explicou ao alto comando que aquele ato não era um ato político e não foi punido. Ao contrário, recebeu um novo cargo na administração com um salário maior que um soldo. Enfim, nem mesmo este momento de sofrimento profundo do povo brasileiro, pela desorganização do trabalho, da economia, da saúde, da educação, do meio ambiente e muitas mortes, arranca de sua alma a esperança concreta de continuar a construção e consolidação de uma sociedade verdadeiramente democrática.

Pois, o presidente Bolsonaro, filho das trevas, senão da CPI ainda em curso, ouvirá solenemente das urnas um rotundo vade retro, isto é, retire-se e deixe o sagrado espaço para quem quer e sabe governar.

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José Maria Teixeira, professor

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