Os ecossistemas urbano

João Salvador

 

Todos os seres vivos se agrupam em populações, formam comunidades distintas e se distribuem pela superfície terrestre e aquática em harmonia e equilíbrio dinâmico, mantendo uma relação com as condições do meio ambiente. Formam-se os mais complexos ecossistemas, cuja soma denominamos de biosfera, sendo compostos por fungos, bactérias, algas peixes, insetos, aves e animais e as inter-relações entre esses organismos, depende do meio do meio químico, físico e biológico, para manter um desenvolvimento natural e sustentável.

Muitos não consideram as cidades como ecossistemas verdadeiros em razão da influência humana, o que tira a conotação de ecossistema natural, mas quando se define que um ecossistema é um conjunto de espécies que interagem entre si e com o meio, não se deve descartar que as cidades, repletas de organismos distintos, junto ao homem, devem ser encaixadas nessa categoria.

O mosaico de paisagens constituído nas cidades pela vegetação arbórea de ruas, avenidas, parques, e jardins, favorece a formação de ilhas de biodiversidades, cada vez maior por conta do refúgio, do processo migratório de aves, insetos e animais, vítimas da devastação e queimadas criminosas. Adaptados inteiramente com o homem, livres de predadores, sem competidores e com fartura alimentar, as populações de espécies oportunistas crescem exageradamente, causando enormes transtornos, com a necessidade, inclusive, de controle sistemático

A manutenção da diversidade urbana é algo que deve ser respeitado, não somente em relação ao homem, mas, também, por consideração às demais espécies que com ele convivem. Para isso, é muito importante o planejamento, a sensatez e muito estudo sobre como se organizam todos os seres de uma urbe, dentro dos processos ecológicos, de adequação ambiental, que desencadeiam a ordem nesse ecossistema.

Para a nossa cidade, é necessário estudar mais em que tipo de ambiente necessitam e quais medidas sérias de planejamento e manejo a serem tomadas, em relação às queimadas, à recomposição da mata ciliar, à poluição do rios, córregos e riachos, bem como dos dejetos industriais.

Como exemplo de um sistema ecologicamente natural, harmônico, equilibrado e sustentável, sem a interferência humana, a não ser no âmbito de planejamento e do bom manejo, basta dizer que a fauna da Esalq é composta por 260 espécies de aves, mamíferos, répteis e anfíbios e no que tange à flora, foram reconhecidas, cerca de 4.867 árvores de 213 espécies e 56 famílias botânicas, entre espécies nativas e exóticas. Tudo isso, sem contar que o Horto de Tupi é uma excelência em termos de fauna e flora.

A arborização de uma cidade é de extrema importância para o homem e para o meio ambiente. As árvores não servem somente para fazer sombra, mas também, para ornamentar, remover, através das folhas, o potencial de partículas e de gases poluentes da atmosfera. Amenizam a energia sonora excessiva, emitida pelas fontes de barulho. Suas folhas interceptam, refletem e absorvem a radiação solar, melhorando a qualidade do ar e reduzindo a temperatura escaldante do verão, em virtude da grande selva vertical de concreto e da impermeabilização do solo pelo asfalto. Além disso, aninham os pássaros.

Por fim as flores, que ao formarem um festival de cores, além da beleza para os olhos, atraem abelhas, belas borboletas e os amáveis beija-flores.

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João Salvador, biólogo

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