Natalia Mondoni
Na semana passada, acompanhamos pela imprensa e redes sociais um verdadeiro massacre em Santa Catarina. Um jovem de 18 anos, que ainda não sabemos se possui transtornos ou alguma doença mental, assassinou brutalmente professoras e crianças em uma creche, lugar que dificilmente imaginamos ser cenário de algo assim. Inevitavelmente, quando vemos algo tão brutal assim acontecendo em nosso meio, nos perguntamos: Por que isso acontece? Por que uma pessoa chega em tal ponto? Aqui não entrarei nas questões que podem se revelar como causas psíquicas graves, mas, sem dúvida alguma, podemos tirar algumas reflexões importantes sobre como o afeto, ou a falta dele, podem influenciar negativamente a forma como vamos nos construindo e consolidando como seres humanos.
Casos como esse nos servem de alerta e oportunidade de reflexão para, principalmente, nos questionar o que estamos buscando enquanto formação e desenvolvimento das relações humanas. E, vendo por este aspecto, é inegável a participação da família como referência de formação, de estabelecimento de ordem, e desenvolvimento de valores e virtudes que forjarão personalidades, e, principalmente, como podemos direcionar nossos afetos e emoções de forma saudável, inclusive, para nós mesmos e das nossas relações. Por isso, é importante que a conexão entre a família seja buscada de forma integral, entendendo como deve funcionar a dinâmica de cada uma: cada família e seus membros devem buscar a melhor maneira de funcionamento, à medida em que os seus membros tem suas próprias características e que é importante considera-las, a fim de facilitar a comunicação e o entendimento. Famílias devem ser orientadas, também, por ordem e regras, mas nem só de regras vive uma casa: é preciso e fundamental ter alegria, entusiasmo, mesmo mediante de possíveis dificuldades da vida: isso contribui para o aprendizado e o amadurecimento de cada um.
Enfim, é preciso lembrar sempre: mesmo se não recebemos o que entendemos como importante em nossas famílias e formação, sempre temos a possibilidade de melhorar: somos seres plásticos, todos nós somos reabilitáveis. Portanto, muitas vezes é preciso deixar para trás essas dores para construir um caminho melhor para nós e para os nossos, rompendo, muitas vezes, com anos e anos de falta de afeto e desordem. “Mas é claro que o sol, vai voltar amanhã…”, já dizia Renato Russo. Sempre há um amanhã melhor: precisamos acreditar nisso!
Vamos juntos? Com carinho,
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Natalia Mondoni , psicóloga