
Adotar como referência o modelo de gestão da cidade de Chapecó no combate à Covid-19 e adotá-lo em Piracicaba é o que defende o vereador Paulo Campos (Podemos), após visitar, na última semana, o município catarinense. Ele levará a proposta ao prefeito Luciano Almeida (Democratas) e aos secretário e subsecretário de Saúde, Filemon Silvano e Augusto Muzilli Junior.
Com população estimada em 224.013 habitantes (dados do último Censo), Chapecó chegou a 5,5 mil positivados com o novo coronavírus no início de março e mais de 350 internações nas UTIs e enfermarias dos hospitais públicos e privados. Após a criação de um modelo de gestão, os índices caíram para a média de 350 ativos e houve redução em mais de 60% nos internados, conforme dados informados pela prefeitura do município.
Na última sexta-feira (30), o vereador foi recebido pelo prefeito João Rodrigues (PSD) e pelo secretário de Saúde, Luiz Carlo Balsan, além de estar no gabinete da presidência da Câmara. “Fui conhecer o trabalho porque vários representantes de municípios brasileiros têm visitado Chapecó para entender a dinâmica das iniciativas. A cidade também chegou até mesmo a ser elogiada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido)”, declara Paulo Campos.
Hoje, Chapecó conta com seis pontos de testagem rápida, entre eles o ginásio de esportes e o salão da igreja católica do bairro Universitário, sendo os demais localizados em bairros estratégicos. “A cidade sofreu muito na primeira onda da doença, mas conseguiu se planejar e reverter o quadro. Eles adotaram um sistema que realmente funciona. Qualquer munícipe pode fazer o teste rápido e há estoque para 50 mil testagens”, informa o vereador.
Ainda no ginásio de esportes, foi montado o Centro Especializado em Reabilitação Pós-Covid, com profissionais especializados para tratar os pacientes que venceram a doença, mas que ficaram com sequelas respiratórias, motoras e de saúde mental. O local conta com fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, nutricionista e educador físico.
Paulo Campos diz que a estrutura contribuiu para desafogar os atendimentos nos ambulatórios, que, junto das UPAs, recebem as consultas de quem possui sintomas respiratórios. “Aqui em Piracicaba, um dos pontos críticos é a UPA da Vila Cristina, que precisa de uma reengenharia. Como a unidade está recebendo pacientes do COT (Central de Ortopedia e Traumatologia), vemos pacientes com sintomas de Covid se misturarem aos outros atendimentos, crianças e adultos juntos”, comenta o vereador, sobre a situação da saúde local.
Outro procedimento adotado por Chapecó é o “Lockdown Inverso”, que mobiliza guardas municipais, agentes comunitárias de saúde, Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil. Eles monitoram os pacientes positivos, com o objetivo de evitar a expansão do contágio da doença. Além disso, é realizado o “Dia D de Testagem”, nas tardes de sextas-feiras, em todas as unidades de saúde. A cidade criou ainda a Farmácia Móvel, com uma farmacêutica e um técnico que percorrem os bairros.
Segundo o vereador, na visita foi possível constatar que a taxa de contágio da Covid-19 na cidade está baixa e que os atendimentos registrados no Hospital Regional de Chapecó são de pacientes das cidades vizinhas. “E tem um detalhe: o comércio não parou. Estão com estoque de insumos, oxigênio e equipamentos de UTI. Por falta de pacientes, os leitos estão vazios”, informa Paulo Campos.
Ainda no município, Paulo Campos conheceu o Serviço de Triagem Médica, destinado a pessoas com sintomas de gripe e respiratórios, como tosse, febre e dificuldade para respirar. É oferecido em parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e a Unochapecó. “Chapecó é o exemplo da junção de esforços e de boa vontade do prefeito, do secretariado, empresariado e entidades. Sou a favor que esse modelo seja adotado em outras cidades, especialmente em Piracicaba, no sentido de implantar uma gestão da participação da sociedade civil, de ouvir e cuidar das pessoas.”