Quando falar (e ouvir) resolve problemas

Natalia Mondoni

 

“Quem não se comunica, se estrumbica”. Com toda certeza você já ouviu essa célebre frase do apresentador Chacrinha. E, apesar de estarmos na chamada era da comunicação, com cada vez mais recursos para facilitar nosso contato com as pessoas, penso que estamos cada vez mais com dificuldades de dialogarmos e isto, sem dúvida, tem trazido prejuízos para as nossas relações: entre casais, entre as famílias, nas relações de trabalho, nas amizades. Afinal de contas: o que tem acontecido? O que tem nos atravessado e dificultado este contato?

Precisamos primeiramente entender que o diálogo constitui parte importante de todas as nossas relações. Através dele, podemos entender pontos de vista, esclarecer o que parece turvo, e, ainda, compreender um pouco mais do outro com quem nos relacionamos como interlocutor. Mais ainda: é uma chance muito importante de conhecer de forma mais integral o outro, estabelecendo, sim, uma certa conexão, que cresce, inclusive, à medida em que o diálogo vai amadurecendo. Porém, talvez este último item nos dê uma perspectiva da nossa dificuldade atual: estamos cada vez menos interessados em conhecer de forma mais profunda o outro, suas razões, sua história. Muitas vezes parecemos máquinas de falar, mas não de ouvir: falamos muito e ouvimos pouco. Outro ponto que devemos considerar do porquê estamos com tanta dificuldade é que estamos fugindo de conversas que são necessárias, por medo do conflito. Vamos levando situações que, de início, são corriqueiras, às últimas fases, se tornando grandes problemas, pois estamos sempre cansados demais, com preguiça demais, ocupados demais para nos dedicarmos à arte de dialogar e ouvir. E, com isto, vamos cultivando problemas, mas os problemas foram exatamente feitos para serem resolvidos.

Mas então, o que devemos fazer diante desta possível inabilidade que estamos passando em dialogar? Primeiramente, manter o foco naquilo que de fato tem a importância maior em nossas vidas: estabelecer prioridades nos ajuda a combater o cansaço excessivo, pois entendemos qual a ordem necessária das coisas. Em segundo lugar, ouvir pressupõe que estaremos disponíveis para o outro, buscando entender sua individualidade, e sabendo que respeitar isto, inclusive, pode nos levar a validar o que o outro tem a dizer, sem necessariamente concordar. Precisamos, somente, respeitar e enfatizar a concordância e a suavidade, a clareza e a honestidade. Sem dúvida, quem ganha com isto são os nossos relacionamentos.

Portanto, a maturidade nos diálogos acaba por engrandecer as nossas relações, bem como contribui para a construção de cada um de nós, de forma individual. E, quando crescemos, somos melhores, temos relações melhores e, assim, vivemos melhor.

Vamos juntos? Com carinho,

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Natalia Mondoni, psicóloga; Instagram @psinataliamondoni

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