Educação Infantil como forma de redução das desigualdades sociais

Barjas Negri 

 

Assisti com bastante atenção a entrevista que quatro mulheres, jornalistas da CNN, fizeram com o professor Narciso Meneses Filho, do Insper, sobre a desigualdade de renda no Brasil. Ao longo das perguntas e respostas, ele mostrou claramente a enorme disparidade de renda no Brasil (e no mundo) evidenciando que as oportunidades não são iguais para todos, devido à “loteria da vida”: alguns nascem em casas de famílias muito ricas e outros de famílias muito pobres.

Em sua abordagem, Narciso destacou o papel da educação na vida das pessoas. Quanto mais se estuda e se qualifica, maiores são as chances de ter empregos melhores e melhores remunerações. Portanto, sempre que o país investe em educação, com oportunidades e qualidade, maiores as chances de todos. E nesse ponto sua sugestão foi de que se desse a oportunidade para 3 milhões de brasileirinhos que nascem todos os anos, criando vagas em creches e pré-escolas para que cheguem em melhores condições de ensino no Fundamental e no Médio. Ideia simples e objetiva, mas que ainda está longe de ser alcançada.

Mesmo assim, o Brasil tem feito um esforço enorme para ampliar o atendimento das crianças no Ensino Infantil: nas creches (0 a 3 anos) e nas pré-escolas (4 e 5 anos). No entanto, em 2020, apenas 35% das crianças brasileiras eram atendidas em creches e 95% nas pré-escolas. Os compromissos sociais de Piracicaba com as suas crianças são retratados pelo avanço nos investimentos e criação de vagas na Educação Infantil. Em 2020, a Prefeitura tinha 89 creches, 1.985 professoras e atendia 19.631 crianças, sendo que 11.209 nas creches e 8.422 na pré-escola.

Se Piracicaba, no início dos anos 2000, atendia cerca de 20% das crianças nas creches, hoje chegamos a 70%, o dobro do atendimento da média nacional e já há alguns anos, a pré-escola está universalizada. Esses indicadores dão orgulho à educação piracicabana, concentrada no atendimento público da Prefeitura, e são reconhecidos nacionalmente pelos institutos de pesquisa, como é o caso da Macroplan que, recentemente, publicou seus indicadores sociais na Revista Exame, colocando Piracicaba em 1º lugar da educação brasileira, quando se comparam as 100 maiores cidades brasileiras.

O fato de termos essa ampla cobertura no atendimento infantil nas creches públicas e particulares em Piracicaba vai ao encontro do que é preconizado pelo professor Narciso: dar oportunidade às 5 mil crianças que nascem todos os anos em Piracicaba. A maioria filhos de trabalhadores e trabalhadoras formais e informais, de desempregados, de mulheres chefe de família, de moradores de comunidades (favelas), de famílias de baixa renda, que encontram nas escolas de Educação Infantil acolhimento e alimentação durante o dia, enquanto seus pais e mães trabalham. Essa política educacional deve ser ampliada até o momento de sua universalização, faltando ainda um longo caminho a ser percorrido.

Durante os nossos mandatos como prefeito de Piracicaba, juntamente com toda minha equipe de trabalho, em especial da Secretaria Municipal de Educação, demos uma ampla contribuição a esse processo educacional na área infantil, ampliando de 39 para 89 o número de creches; de 353 para 1.985 o número de professoras do Ensino Infantil e, ainda, ampliamos o número de alunos na rede de 6.031 para 19.631 alunos de 0 a 5 anos, alcançando uma das maiores coberturas de atendimento educacional do Brasil.

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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba

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