Pandemia Covid-19: história que marcará muitas gerações

José F. Höfling

 

Em meio a uma das piores crises da saúde desse País, a troca de ministros da Saúde se dá de forma corriqueira e desordenada na procura de alguém que não “desobedeça” as ordens do Presidente em exercício “Capitão Bolsonaro”, em decorrência da incidência de uma das piores pandemias das últimas décadas, a covid-19.  Semelhante — mas ao mesmo tempo diferente — de outras endemias e pandemias que ocorreram nos últimos tempos, particularmente nos dois últimos séculos, com a presença de doenças graves como: AIDS (matou 32 milhões ou mais de pessoas até agora), ebola, gripe espanhola (deixou ao menos 50 milhões de mortos), algumas menos contagiosas que outras, mas com uma taxa de mortalidade muito alta e vice-versa, a covid-19 sem dúvida deixará a sua marca profunda nas gerações de nossos filhos, netos e bisnetos.  Além de possuir características próprias como: doença altamente contagiosa, com uma incidência de mortes que cresce vertiginosamente no País, (já chegamos a 350 mil mortes e com certeza até o meio do ano atingiremos meio milhão de mortes no Brasil), é pouco conhecida cientificamente, e já expressa novas “variantes” (tipos genéticos diferentes do vírus). Para se ter uma melhor idéia, a AIDS possui mais de quarenta sorotipos (tipos diferentes, variantes) da doença…

Essas características que vem surpreendendo os cientistas de norte a sul do País, cuja contaminação independe de raça, cor, gênero e idade, tem sido assustadoramente acompanhada da” descrença e minimização” de um governo desprovido de calor humano, solidariedade, respeito à vida alheia e amor ao povo que governa, às expensas de que a doença não pode se sobrepor à economia. Além de tornar o conceito da pandemia do ponto de vista patogênico e letal aos seres humanos, motivo de descrença e escárnio junto à população, – estes sem conhecimento de sua verdadeira importância como doença pandêmica – minimizando seus efeitos e transformando-a em uma “gripezinha” sem maiores consequências, tem  levado o País à uma total ignorância sobre os verdadeiros efeitos e desdobramentos desse tipo de doença que estamos sendo vítimas no momento, com consequências imprevisíveis para um futuro vindouro. Já bem se disse que “um povo que não conhece sua história, tende a repeti-la”. Muito poucos investimentos em educação, baixa qualificação de professores em decorrência da falta de estímulo econômico e ao aperfeiçoamento de suas disciplinas, associado ao corte de investimentos nas escolas públicas, assim como em matérias de significada importância como História, Sociologia, Política, línguas estrangeiras, etc., em nada contribuem para uma sociedade que precisa crescer e se tornar “primeiro mundo”.

Nesse sentido os jovens, desprovidos de conhecimento e atitudes positivas frente à um mundo de mudanças rápidas embasadas em conhecimentos científicos, sociais, políticos e tecnológicos, tornam-se incapazes de atuarem em um mundo em constante mudança, transformando-os em páreas sociais…Portanto, nós que já vivemos muitos anos, sendo Pais e Avós, vivenciando muitos desgovernos, temos a obrigação de agir urgentemente contra a “ignorância e atitudes antissociais que nos se apresentam. Lembrando: “Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam”…M.L. King!

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José F. Höfling, microbiologista e imunologista da FOP/Unicamp            

 

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