O Julgamento e a condenação de Jesus

Alvaro Vargas

 

O julgamento e a condenação de Jesus foi um evento que abalou a história do mundo. O império romano havia sido constituído, de modo a facilitar a unificação dos povos sob as bençãos do Cristo, governador espiritual da Terra. “Começava a era definitiva da maioridade espiritual da Humanidade terrestre, uma vez que Jesus, com a sua exemplificação divina, entregaria o código de fraternidade e do amor a todos os corações” (A Caminho da Luz, cap. 12, Emmanuel e Chico Xavier).

O nascimento de Jesus foi previsto por vários profetas judaicos (Números, 24:17; Isaías, 7:14 e 9:6-7; Zacarias, 9:9-10), e o seu destino, da manjedoura ao Calvário, estava delineado antes de sua encarnação na Terra (Salmo, 22:1-31; Isaías, 53:1-12). Mas as profecias são apenas alerta do Mundo Espiritual, que podem ou não ocorrer. Portanto, o martírio de Jesus foi uma decisão de nosso livre arbítrio, com reflexos nas reencarnações de todos os envolvidos, conforme o grau de comprometimento nessa tragédia. Essa condenação, resultado de nosso primarismo moral, foi a opção para trilhar uma rota evolutiva repleta de guerras, destruições e morticínios. Independentemente das nossas faltas, Jesus nunca nos deixou órfãos (João, 14:18). Analisando as nossas dificuldades do momento, o espírito Emmanuel (in op. cit.) esclarece que “a dor completará as obras generosas da verdade cristã, porque os homens repeliram o amor em suas cogitações de progresso”.

O juiz desse julgamento foi Pôncio Pilatos, governador da Judeia. Embora desonesto e venal, tentou utilizar de artifícios para evitar a condenação de Jesus. Havia sido alertado por sua esposa, que sonhara com o Nazareno: “Nada faças a esse justo! Fui intuída em sonho a esse respeito!” (Mateus, 27:19). Após a prisão do Mestre Galileu, Lívia, esposa do senador Públio Lêntulus, o procurara, pedindo a sua absolvição (Há 2000 anos, Emmanuel e Chico Xavier). O senador, encontrava-se em missão secreta para investigar os desmandos de Pilatos (O Amor jamais te Esquece, André Luiz Ruiz e Lucius). Conhecia Jesus, já que fora beneficiado pela cura da lepra de sua filha (Emmanuel, in Op. cit.). Talvez ele pudesse ter intercedido, mas a situação era tensa e complicada, e havia acabado de chegar na Judeia.

Pilatos sabia que Jesus era inocente. Aquele, detestava os rabinos do templo, mas os temia, pois, mantinha negócios escusos com eles. Era favorável a liberdade do Mestre, mas analisava a possível reação desses rabinos, que poderiam denunciá-lo ao imperador. Ao identificar Jesus como galileu, enviou-o para Herodes Antipas, rei da Galileia, que poderia inocentá-lo. Esse, mesmo não identificando ilícitos, não quis enfrentar os juízes do templo, devolvendo Jesus para Pilatos. Como último recurso, o governador da Judeia deu ao povo a opção de escolherem entre Jesus e Barrabás, que era um conhecido criminoso e assassino. Mas os rabinos do Templo haviam cooptado inúmeros indivíduos à sua causa, e o resultado foi a libertação de Barrabás.

A tragédia do Gólgota já havia sido prevista por Jesus aos seus discípulos (Marcos, 8:31-33; Mateus, 16:21-28; Lucas, 9:22-27). Portanto, esse acontecimento não foi uma surpresa. Com o seu amor ilimitado, quando ainda se encontrava na Galileia, pediu a Zacaria que cuidasse de Pilatos, pois previa a sua desgraça após o seu martírio (Lucius, in Op. cit.). De fato, após ser condenado pelos crimes de corrupção, ele acabou suicidando-se (Pelos Caminhos de Jesus, cap. 24, Amélia Rodrigues e Divaldo Franco). Mesmo condenado e martirizado, Jesus cumpriu integralmente a sua missão, permanecendo a nossa espera para segui-lo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João, 14:6). Allan Kardec (O livro dos Espíritos) esclarece que ainda que não tenhamos, no momento, condições morais e intelectuais para compreender a dimensão espiritual de Jesus Cristo, nem a transcendência da mensagem evangélica, ele é o mais perfeito guia e modelo oferecido por Deus à Humanidade.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

 

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