Matheus Vicente Ferreira
Uma pergunta que é sempre recorrente durante a Páscoa é a de por que os ovos de pascoa tem um preço bem maior do que as barras de chocolate que são feitas usando os mesmos produtos e pelas mesmas empresas?
Essa pergunta é facilmente respondida quando se compara os custos dos dois produtos e se entende um conceito conhecido na economia como elasticidade preço-demanda.
Primeiramente, abordaremos os preços envolvendo os custos da produção de uma barra de chocolate e os custos de produção de um ovo de pascoa.
A barra de chocolate possui uma produção praticamente automatizada, o que significa que poucas pessoas trabalham na linha de produção resultando em uma redução de custo, já a fabricação dos ovos de pascoa são mais complexas e sazonais, assim, as empresas contratam mão-de-obra especializada para a produção destes durante certo período do ano, resultando em um aumento no custo de produção.
As barras de chocolate são produzidas durante todo o ano, visto que sempre existe demanda pelo produto, já os ovos de pascoa começam a serem produzidos por volta de setembro/outubro para a preparação de um estoque, já que durante a Páscoa a demanda por estes bens chega a níveis que seria impossível as empresas acompanharem, desse modo existe um custo de estocagem destes produtos.
Outro custo que os ovos possuem é relacionado com suas embalagens que são mais sofisticadas, mais resistentes para uma melhor proteção do ovo, e geralmente tem o custo dos produtos que veem no interior do ovo, seja mais chocolate ou brinquedos nos casos infantis, nesse ultimo caso existe ainda os custos relacionados ao pagamento de royalty para as empresas detentoras das marcas dos brinquedos.
Dito isso, podemos abordar os custos de logística, que assim como os custos de produção são maiores para os ovos do que para as barras, já que os ovos são mais frágeis e maiores acabam ocupando muito mais espaço e mesmo havendo um preparo especifico para o transporte deles, sempre existem alguns produtos que chegam ao destino quebrados, resultando em perdas de mercadorias por danificação.
E finalmente, chegamos à característica econômica destes dois produtos, o ovo de Páscoa possui um valor maior pelo lado emocional do que pelo lado de valor unitário (custo x beneficio), do que a barra de chocolate, isso na economia mais precisamente no campo da microeconomia é caracterizado como produto inelástico.
Abordando levemente o conceito de elasticidade preço-demanda para o leitor não habitual com esses termos, usamos na economia a elasticidade como um conceito que estuda relação das variações da demanda de um produto com as variações de seus respectivos preços, assim, o calculo da elasticidade indica quanto de variação na demanda do produto podemos esperar quando estes sofrem uma determinada variação nos preços.
Os resultados desses cálculos podem ser entendidos em dois grupos, os bens elásticos, que significa que o calculo indicou que houve significativa alteração na demanda conforme ocorrem alterações nos preços, e os bens inelásticos, o que significa que não ocorre variação da demanda em relação ao preço.
Os ovos de Páscoa entram nesse ultimo grupo, porque na cultura brasileira as pessoas compram mais pelo valor simbólico do que pelo valor monetário, e isso pode ser comprovado vendo que poucas pessoas deixam para comprar ovos de chocolate depois da pascoa quando os supermercados passam a fazer promoções de queima de estoque reduzindo consideravelmente os preços destes.
Por fim, algumas dicas para os que buscam alternativas para comprar ovos antes da pascoa é a de procurar por marcas menos conhecidas, procurar por microempreendedores que sempre estão nas redes sociais anunciando a venda de ovos de pascoa caseiros por encomenda, ou, ainda sobra à opção de comprar os moldes e se arriscar na cozinha já que nessa época os sites de culinária se enchem de receitas para a Páscoa.
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Matheus Vicente Ferreira, acadêmico de ciências econômicas