A “Batom” e as cartunistas piracicabanas

Adolpho Queiroz

 

Bom relembrar que quando abriu as portas pela primeira vez, em 1974, o Salão de Humor de Piracicaba teve uma primeira mostra em que prestigiou a mulher cartunista. Para ela foi convidada a artista gráfica e cartunista do jornal O Estado de São Paulo, Hilde Weber para realizar a primeira exposição paralela do nosso Salão.

Portanto, vem de longe o compromisso de Piracicaba com as cartunistas do Brasil, por isso desde a primeira exposição de cartunistas mulheres em Piracicaba, para a comemoração do Dia Internacional em homenagem a elas, foi exitosa e ocorreu no ano de 2011.Já na segunda no ano seguinte, seis piracicabanas representaram a cidade na mostra: Mércia Pereira, Marilu Trevisan, Maria Luziano, Janine Pestana, Estela Menegalli e Elisângela de Freitas Mathias

Em 2015, pela primeira vez sete das artistas que expõem e vivem em Piracicaba: Maria Luziano, Sônia Torrezan, Estela Menegalli, Evelin Debei, Gisele Defavari, Janine Pestana e Mariana Perecin participaram da mostra.

Já em 2020 quatro das artistas são piracicabanas, sendo elas: Elisângela Mathias, Estela Menegalli, Eliete Rossi e Marilu Trevisan, por conta do início da pandemia no dia 13 daquele mês, a mostra presencial foi suspensa.

Agora em 2021 outras sete mulheres cartunistas representam a cidade nesta mostra internacional. As artistas são Evelin Debei (que inclusive foi a arte usada na capa do evento), Estela Menegalli, Fernanda Nepomuceno, Gracia Nepomuceno (a Gracia é mãe da Fernanda), Jhulia Matos (a primeira trans a ser selecionada), Marilu Trevisan e a estreante Viviane Polacow. Este ano, ainda por conta da pandemia, a exposição só pode ser visitada virtualmente. Tínhamos até preparado o barracão 14 para reeditar a mostra do ano passado, mas as condições não permitiram que ela ocorresse.

Estela Menegalli, nesta amostra que fizemos, tem sido a de maior presença nas mostras; seguida de Marilu Trevisan, que também já participou do Salão Internacional e da mostra dos peixes especialmente decorados para outro momento do Salão. Ela também está presente no livro “Piracartum 2”, lançado ano passado pela AHA, Associação dos Amigos do Salão de Humor.

Fã de Mauricio de Souza, com quem pretendia trabalhar um dia, a estreante Viviane Polacow sempre foi frequentadora do Salão Internacional e depois de um estágio de estudos nos estados unido0s, voltou a Piracicaba e incentivada pela irmã, a jornalista Patrícia Polacow arriscou este ano enviar seus trabalhos, que foram aceitos para a mostra.

Os livros Piracartum 1 e 2, editados pela AHA, mostraram a existência de 52 cartunistas que nasceram, moraram, ou fizeram parte como profissionais ou colaboradores da imprensa local, que tem um papel decisivo no êxito da divulgação do Salão para a cidade, como da “Batom”. Nas páginas dos nossos principais jornais impressos, lá estão configuradas as informações, os trabalhos e a memória desta mostra.

Quando esteve na cidade há alguns anos, para participar do júri de premiação, a cartunista trans Laerte Coutinho fez críticas à incorporação da sigla TPM ao nome oficial da mostra. No ano seguinte, a mostra mudou de nome para Batom, Lápis e Humor. Mas o conceito foi recuperado, pela ironia contundente e fina que carrega.

A impressão de catálogos impressos das mostras destes anos todos, mostra a diversidade dos países presentes e a incorporação das artistas locais, com suas contribuições, provocações e um humor igualmente atrevido, mas delicado ao mesmo tempo. Vale ressaltar que esta é igualmente a única exposição exclusivamente feminina, realizada com apoio de profissionais e não profissionais no campo do humor gráfico em todo o mundo. E, assim como o nosso Salão Internacional de Humor, que chegará ao cinquentenário em 2023, é o mais antigo e prestigiado de todo o mundo.

Finalmente vale também registrar que a nossa exposição já foi tema de uma dissertação de mestrado na Universidade Federal de Ouro Preto, MG, defendida pela jornalista Camila Lellis, que se transformou no primeiro livro da coleção AHA de Humor Gráfico, que teve grande repercussão e levou a autora a cursar o Hilda doutorado na Universidade Federal de Ilhéus, na Bahia. Camila viveu em Piracicaba e seus parentes residem no bairro de Santa Teresinha.

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Adolpho Queiroz, doutor em Comunicação, é Secretário Municipal de Cultura

 

NOTA DA REDAÇÃO —  Serviço: Para ver a mostra, acesse o link abaixo

https://salaointernacionaldehumor.com.br/sem-categoria/batom-lapis-tpm-2021/

 

Cartum da mostra de 2021 de Viviane Polacow

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