
Desde o retorno dos professores às escolas, por determinação do governo estadual, levantamento da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) contabiliza 2.294 profissionais da educação com covid, sendo que 48 foram a óbito. Esta segunda quinzena de março completa um ano que a Apeoesp vem defendendo a suspensão das aulas presenciais em função da pandemia do coronavírus, que já tirou a vida de 287.449 brasileiros, sendo 66.178 no Estado de São Paulo. O levantamento, com dados do final da tarde de quinta (18), mostra que, em Piracicaba1 12 profissionais da educação contraíram a covid após o retorno das aulas presenciais.
Justamente para tentar evitar a proliferação da doença, a presidenta da Apeoesp, deputada estadual Professora Bebel, desde o início da pandemia se posicionou contrária às aulas presenciais. “Aprendizagem se recupera, vidas não!”, defende ela, que desde o retorno das aulas presenciais vem liderando o movimento dos professores da rede estadual de ensino contra o retorno às escolas. Para a Apeoesp, as escolas estaduais não estão preparadas para o retorno das aulas presenciais em função do agravamento da pandemia.
A posição é baseada em estudo realizado pela Apeoesp, Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) e o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), apresentado em agosto do ano passado, revelando que 99% das unidades escolares não possuem enfermaria, consultório médico ou ambulatório, enquanto que 82% das escolas estaduais não têm mais de dois sanitários para uso dos estudantes, enquanto que 11% das escolas estaduais não têm pátio, 13% não têm quadra, ginásio ou campo de futebol e 79% não possuem vestiário. Outro dado é que 48% das unidades escolares não têm sanitário acessível para pessoa com algum tipo de deficiência. “Esse levantamento colocou em números o que nós, professores, sabemos há muito tempo: a infraestrutura das escolas da rede estadual paulista é precária. Isso já era extremamente prejudicial para o processo pedagógico. Agora, em plena pandemia, passou a ser perigoso”, ressaltou Bebel.
No entanto, ignorando o apelo dos professores, o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, determinou o retorno dos professores às escolas, no fim de janeiro, para planejamento do ano letivo, e o retorno das aulas presencias em 8 de fevereiro, com no máximo 35% dos alunos, percentual que nunca passou dos 5%, conforme levantamento da própria Apeoesp.
Justamente para pôr fim a obrigatoriedade dos professores retornarem às escolas, uma vez que estão expondo suas vidas e de toda comunidade escolar a riscos, a Apeoep conseguiu na Justiça sentença proferida pela juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, da nona vara da fazenda pública da capital paulista, em 9 de março último, em conjunto com outras entidades da educação, suspendendo as aulas e atividades presenciais nas escolas de educação básica do Estado de São Paulo.
Bebel ressalta que na sentença, a juíza proíbe a convocação de qualquer profissional para comparecer às unidades escolares de educação básica do Estado de São Paulo (públicas e privadas), estaduais ou municipais, nas fases laranja e vermelha do Plano São Paulo. “É uma grande vitória em defesa da vida”, diz a Professora Bebel, ressaltando que o governador João Doria insiste em descumprir a sentença, suspendendo as aulas por duas semanas, com a antecipação dos recessos escolares, ferindo o planejamento escolar, o que vem sendo contestado pela Apeoesp.