Pode existir uma obsessão espiritual coletiva?

Alvaro Vargas

 

A ação dos espíritos obsessores sobre a população terrena existe desde os primórdios de nossa civilização. Alguns casos são emblemáticos, como o ocorrido com o célebre rei da Assíria, Nabucodonosor II, subjugado pelos espíritos obsessores a pastar como um animal, e do imperador romano Domício Nero, que via sua mãe Agripina e sua esposa Otávia, ambas assassinadas por sua ordem, a atormentá-lo (Nos Bastidores da Obsessão, Manoel P. Miranda e Divaldo Franco). Durante a divulgação de sua Boa-nova, Jesus por diversas vezes libertou as vítimas desse processo obsessivo, inclusive quando estavam subjugados por uma legião de espíritos obsessores, como o jovem gadareno, que pela vida dissoluta, permitiu a aproximação desses espíritos (Encontros com Jesus, Yvonne Pereira e Walace Neves). Essa ação obsessiva foi esclarecida por Allan Kardec (Revista Espírita, abril 1862): “Ninguém ignora que quando o Cristo, nosso muito amado Mestre, encarnou-se na Judeia, aquela região havia sido invadida por legiões de maus espíritos que, pela possessão, como hoje, se apoderavam das classes sociais mais ignorantes, dos espíritos encarnados mais fracos e menos adiantados”.

Em pelo menos em duas situações, Allan Kardec estudou a obsessão coletiva. Em Morzine, na França (Revista Espírita, 1862 e 1863), onde 200 pessoas foram afetadas, e Madagascar (Revista Espírita, fevereiro, 1865), onde a obsessão foi provocada por antigos espíritos atrasados, que viam com despeito, a sua pátria progredindo e procuravam entravar a marcha da Providência. O espírito Bezerra de Menezes (Nas Fronteiras da Loucura, Divaldo Franco e Manoel P. Miranda), esclarece sobre a magnitude desse problema, que pode ocorrer em festas aparentemente saudáveis, como o Carnaval. Segundo esse espírito, “as criaturas esquecem-se dos escrúpulos, do pudor, confundindo-se numa linha comum de alienação. Natural que se permitam, nestes dias, os excessos que reprimem por todo o ano, sintonizados com as entidades que lhes são afins. É de lamentar, porém, que muitos se apresentam, nos dias normais, como discípulos de Jesus”.

Além dessas obsessões, que ocorrem por fraqueza moral do indivíduo, ou por influência dos espíritos inimigos de outras existências, podem ocorrer situações nas quais o objetivo dos obsessores é provocar guerras. Da mesma forma que existem organizações criminosas no plano físico, elas também estão presentes no mundo espiritual. Segundo o espírito Manoel P. Miranda (Trilhas da libertação, Divaldo Franco), espíritos inteligentes, mas pervertidos moralmente, criaram verdadeiras cidades e fortalezas, constituindo falanges do mal, com exércitos disciplinados, tendo por objetivo direcionar os destinos de nosso planeta. Essa obsessão coletiva, com objetivo bélico, é citada pelo espírito André Luiz (Nosso Lar, Chico Xavier), informando que perto de eclodir a Segunda Guerra Mundial, falanges obscuras de espíritos do Umbral, amontoavam-se sobre a Europa, impulsionando os encarnados para essa conflagração. Ele também notou que durante esses confrontos, os soldados desencarnados continuavam a lutar, mesmo fora do corpo físico.

Embora os centros espíritas colaborem de forma eficiente neutralizando essas obsessões, devemos estar atentos a recomendação do espírito Manoel P. Miranda (Sexo e Obsessão, Divaldo Franco), em que “os obsessores têm se voltado contra os espíritas sinceros e operosos, que lhes constituem barreira à sementeira da perversidade e da luxúria, do desequilíbrio e da perversão, do ódio e dos seus sequazes. Agora reinvestem com vigor, mediante o combate aos seus adeptos. Armadilhas soezes, instrumentos cruéis, técnicas refinadas, aparatos complexos são utilizados para vencê-los, atraindo-os e dizimando-os nos seus propósitos mais sadios, ou vencendo-os com as suas sortidas infelizes, mediante intercâmbio doentio e obsessivo, para os desanimar ou perverter.” De fato, a recomendação de Jesus: vigiai e orai, é oportuna, principalmente para a época atual.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

 

 

 

 

2 comentários em “Pode existir uma obsessão espiritual coletiva?”

  1. Esse texto só fez eu ainda ter mais certeza sobre o processo de obsessão coletiva que o nosso país atravessa, ondas de violência por ideologias políticas, espíritas e não espíritas negando a existência do vírus, espíritas e não espíritas divulgando fake news a respeito do vírus, pessoas apoiando o não cumprimento de medidas protetivas ao covid, constante incitação ao ódio nas redes sociais por motivos políticos etc.

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